Assalto. Não valeu fechadura de
alta segurança trancada. Num minuto assaltantes abriram-na com gazuas. Ficaram
em prisão preventiva
VALENTINA MARCELINO
A casa em Lisboa do ex-presidente
do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o juiz jubilado Cardona Ferreira, foi
terça-feira assaltada em plena luz do dia. Uma equipa do Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF) apanhou os ladrões, dois georgianos, em
flagrante.
Eram 13.00 quando os
investigadores do SEF, que estavam a fazer uma vigilância numa rua da freguesia
de Santa Maria dos Olivais, se depararam com dois “velhos” conhecidos: dois
georgianos a quem este ano já tinha sido dada ordem para abandonar o território
português, por estarem em situação de permanência ilegal.
Longe de imaginarem que tinham
acabado de ser “caçados” pelas objetivas desta polícia, os dois georgianos
dirigiram-se a um prédio e iniciaram o seu modus operandi. Enquanto um deles entrou
no edifício, outro ficou junto à porta da rua a fazer vigilância.
Segundo foi apurado na
investigação ao apartamento, este tinha uma porta com fechadura de alta
segurança e estava trancada. No entanto, explicou ao DN fonte da investigação,
“demorou menos de um minuto aos assaltantes abrirem a porta”. Segundo a mesma
fonte, estes assaltantes eram uma “célula” de uma rede internacional e são
verdadeiros profissionais. Utilizam gazuas, vulgo “chaves falsas”, para abrirem
as portas. “São silenciosos e eficazes”, afiança.
O ladrão terá estado dentro de
casa cerca de uma hora e saiu deixando aporta no trinco. Quando se juntou ao
cúmplice, já na rua, e os dois se preparavam para abandonar o local numa
viatura de matrícula estrangeira foram detidos pelos inspetores do SEF.
Na sua posse tinham cerca de 21
mil euros, um computador e várias peças de metal precioso – tudo o que tinham
furtado ao magistrado – e no automóvel estava também outro material que teriam
furtado noutras residências. Foram ainda apreendidas duas armas de fogo, que
estavam com a dupla, e as ferramentas (gazuas) utilizadas na sua atividade.
O SEF acredita que “pelo perfil
dos indivíduos e pelo modus operandi’ se está perante o “fenómeno designado por
criminalidade itinerante, responsável pelo aumento quesetem vindo a registar da
prática do crime de furto a residências”.
Trata-se de “grupos altamente
organizados provenientes da região do Cáucaso, que se dedicam à prática
reiterada de crimes contra a propriedade, associados a redes de auxílio à
imigração ilegal, tráfico de pessoas e falsificação ou contrafação de documentos”.
Estes dois georgianos estarão também referenciados pelas autoridades de
Espanha, Itália e França por este tipo de crimes.
Ontem, os dois foram presentes a
tribunal e os indícios apresentados pelo SEF sobre a sua ligação ao crime
organizado internacional valeu-lhes a prisão preventiva.
Diário Notícias, 19 Abril 2013
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