Guilherme
Páscoa, acusado de ter matado a irmã Ana Bívar, antiga subdiretora do Igespar,
sofre de "alguns traços de personalidade paranóide", revelaram esta
quarta-feira os médicos que fizeram o relatório psiquiátrico, no julgamento que
decorre em Évora.
Os
autores do relatório pericial psiquiátrico de Guilherme Páscoa foram ouvidos,
através de videoconferência, na sessão desta quarta-feira do julgamento, em que
as alegações finais ficaram marcadas para o dia 16 de abril e com o arguido
sempre remetido ao silêncio.
O
caso remonta a 30 de maio de 2012, em Évora, com Guilherme Páscoa a ser acusado
de ter matado com um objeto cortante a irmã Ana Bívar, 51 anos, então
subdiretora no Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico
(Igespar) e mulher do deputado do PSD António Prôa, e de ter tentado assassinar
uma outra irmã, Marta Páscoa, de 44 anos, após as ter atropelado, devido a
questões relacionadas com partilhas e gestão de uma herança familiar.
Acusado
de dois crimes de homicídio qualificado, um consumado e outro na forma tentada,
e incorrendo na pena máxima de 25 anos de prisão, Guilherme Páscoa, de 42 anos,
está em prisão preventiva na ala psiquiátrica do Hospital Prisional de Caxias e
sujeito a medicação.
O
relatório sobre a personalidade de Guilherme Páscoa constituiu um dos pontos
principais da sessão, a terceira do julgamento, com os médicos a confirmarem
"alguns traços de personalidade paranóide", além de Guilherme Páscoa
sofrer de ansiedade e depressão, estando a ser medicado.
Entre
as testemunhas arroladas pela defesa, foram também ouvidos esta quarta-feira um
padre, que alegou o sigilo da confissão, uma educadora de infância, uma jurista
(colega de Ana Bívar na Universidade Lusófona) e uma médica veterinária, que
confirmou terem sido "envenenadas" duas éguas propriedade do arguido
e que este terá responsabilizado as irmãs.
Nas
primeiras três sessões do julgamento, além das circunstâncias em que foram
praticados os crimes, têm-se destacado as diferentes versões sobre as relações
familiares, sobretudo a "conflitualidade" entre irmãos (Guilherme
Páscoa e três irmãs) e o relacionamento com a mãe, desde a morte do pai, em
2003, e a gestão de uma herança da avó materna.
No
processo, constituíram-se como assistentes e apresentaram pedidos de
indemnização cível o marido de Ana Bívar, o deputado do PSD António Prôa, e
Marta Páscoa.
Figura
do meio equestre, Guilherme Páscoa terá matado a irmã Ana Bívar com um golpe na
jugular, quando esta se dirigia, acompanhada pela irmã Marta, para o seu
veículo para regressar a Lisboa, onde morava.
O
homem terá esfaqueado as duas irmãs após as ter atropelado, tendo Ana Bívar
acabado por morrer no Hospital de Évora, enquanto Marta Páscoa sofreu
ferimentos ligeiros e teve alta hospitalar horas depois.
Após
os crimes, no Bairro do Granito, nos arredores de Évora e perto da casa de
Marta Páscoa, o suspeito encetou fuga, mas entregou-se no dia seguinte num
posto da GNR na zona de Alenquer, sua área de residência.
O
atropelamento seguido de esfaqueamento ocorreu na rua Dr. César Baptista, no
Bairro do Granito, na periferia da cidade, onde o suspeito esperou,
alegadamente, cerca de três horas.
As
autoridades não encontraram no local, na ocasião, a arma utilizada nos crimes,
mas em tribunal tem sido avançada, sobretudo pelo Ministério Público, a
possibilidade de se ter tratado de um x-ato.
Jornal
de Notícias, 03-04-2013