segunda-feira, 24 de junho de 2013

Banco de Portugal quer penalizar mais os bancos que põem créditos problemáticos em fundos

Por Agência Lusa

Esta medida, que o supervisor estuda avançar em setembro, irá agravar os ativos ponderados pelo risco dos bancos e, logo, diminuir o rácio de capital
O Banco de Portugal vai exigir aos bancos que guardem mais capital quando passam créditos problemáticos para fundos de reestruturação, já que está a estudar um aumento da dedução que têm de fazer nos fundos próprios em consequência dessas operações.
Desde abril do ano passado, que o Banco de Portugal (BdP) obriga os bancos que já passaram ou passem ativos para fundos de reestruturação, recebendo em troca unidades de participação nesses fundos, a contabilizarem um custo de 150% em capital.
Segundo fontes do setor bancário, apresar da penalização que já existe, o regulador considera que os bancos continuam a usar os fundos de reestruturação para “parquear” ativos e melhorar o balanço, pelo que já os avisou da intenção de aumentar o valor que têm de contabilizar em capital na sequência dessas operações.
Esta medida, que o supervisor estuda avançar em setembro, irá agravar os ativos ponderados pelo risco dos bancos e, logo, diminuir o rácio de capital.
O objetivo do BdP, ao obrigar estas operações a consumirem mais capital, é desincentivar a sua utilização pelos bancos, depois de um período em que usaram esta solução em força.
Os fundos de reestruturação registaram um forte aumento com o agravar da crise e permitem aos bancos passar ativos para esses fundos, recebendo em troca unidades de participação nos mesmos. Os ativos podem ser créditos malparados (ou em risco de o ser), mas também imóveis ou mesmo empresas que receberam em resultado do incumprimento de um empréstimo.
Atualmente, o BdP obriga os bancos a assumirem o risco das unidades de participação desses fundos a 150%, mas no futuro quer agravar o valor que deve ser guardado em capital para lhes fazer face, o que poderá também significar que o supervisor considera que esses ativos são mais arriscados.
Caso se concretize, esta medida deverá atingir sobretudo os grandes bancos, como CGD, BES, BCP e BPI, que estão obrigados a cumprir metas de capital exigentes (tanto um rácio ‘core tier 1’ de 10% de acordo com o Banco de Portugal, como de 9% segundo as regras da Autoridade Bancária Europeia).
A Lusa questionou o BdP, que explicou que além das operações de cedência de ativos a fundos de reestruturação deverem "ser ponderadas a 150%" há ainda "exposições com maior grau de subordinação que devem ponderadas a 1250%" nos fundos próprios. Esta ponderação também pode ter de ser cumprida pelos bancos que não cumpram os deveres de informação.
Sobre uma eventual maior penalização dos bancos que passem créditos para fundos de reestruturação, o supervisor bancário disse apenas que essa necessidade é "avaliada no contexto dos procedimentos regulares de supervisão, tendo naturalmente em consideração o grau de risco associado às exposições em causa".

I on line, 24 de Junho de 2013

Um novo partido à esquerda?


Ana Sá Lopes
A esquerda em Portugal está tão bloqueada como a direita
Não vale a pena iludir o essencial: no actual estado da arte, a esquerda em Portugal está tão bloqueada como a direita - e está longe de se afirmar como alternativa consistente ao status quo. A questão essencial é que a integração no euro e o enlouquecido funcionamento das instituições europeias limitam radicalmente qualquer programa alternativo. O espectáculo degradante do passa-culpas entre os criadores da destruição europeia - via imposição de programas concebidos pela Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu - ilustra o estado de decadência a que chegámos, onde só os mais optimistas vislumbram algum milagre capaz de nos retirar do cerrado fundo do túnel em que estamos.
O pacto entre os socialistas europeus e os partidos de direita (a que pertence a CDU de Angela Merkel) que decretou que a Europa deveria viver num estado de graça de défice zero é um dos compromissos mais abstrusos - e totalmente contra a outrora linha política dos socialistas e sociais-democratas europeus - e que inviabiliza a instituição de políticas sociais-democratas. Como é que em Portugal António José Seguro - ou outro qualquer dirigente do PS - poderá fazer políticas radicalmente diferentes das do actual governo quando está amarrado a esse compromisso, mesmo depois do abandono da troika do país? À esquerda do PS, o debate já está a ser feito no osso - e onde dói. PCP e Bloco de Esquerda já discutem amplamente se devemos sair do euro, aparentemente a única via para não ficarmos submetidos ao pacto orçamental, uma espécie de pacto de austeridade ad eternum. Mas as divergências sobre os riscos desta opção são imensas. A questão é que toda a conversa da esquerda sobre cortar com a troika esbarra numa realidade incontornável - nenhum partido português corta com a troika sozinho, sem assumir as consequências de sair do euro. Uma mudança radical na Europa seria a única coisa que nos poderia "salvar" - infelizmente, ela não está à vista.

O quadro é tão grave que o risco da emergência de populismos (como se verificou em Itália e aqui em Portugal é protagonizado pelo movimento Revolução Branca que admite fazer tudo para se apresentar a eleições) ou de uma alucinada abstenção é severo. Um novo partido à esquerda teria várias vantagens - aparecer expurgado dos complexos que impedem alianças à esquerda e conter a abstenção dos que estão "cansados dos mesmos". Mas falta o programa e isso não há (ainda).
i on line, 24 de Junho de 2913

Manifestante acusa polícia do Rio de Janeiro de promover "terror psicológico"

Um dos detidos do Rio de Janeiro durante as manifestações dos últimos dias acusou, esta segunda-feira, as autoridades de praticarem "terror psicológico" com os presos, fazendo ameaças de violência ou gás lacrimogéneo.
foto YASUYOSHI CHIBA/AFP

Em declarações à Lusa, o universitário Matheus Mendes Costa, 21 anos, um dos 60 manifestantes presos no Rio de Janeiro, diz que no dia 17 foi arrastado por um agente à paisana e transportado para um autocarro do Batalhão de Choque sem ter tempo para explicar-se ou compreender o motivo da detenção.
"Vimos um alvoroço, um carro a ser incendiado e muita correria. Uma das pessoas que estava a ser presa tinha que ajoelhar-se e deitar-se no chão. Não imaginei que poderia acontecer algo comigo", disse à Lusa.
"Eu estava com a mochila da faculdade ao lado do meu pai. O polícia puxou-me pela mochila e arrancou o cartaz que eu tinha", afirmou o jovem que foi detido nessa noite juntamente com mais nove pessoas, sob a acusação de agressão contra os polícias.
"Éramos um grupo de 10 pessoas, duas eram mulheres, a maioria de universitários e um morador de rua. Ninguém tinha perfil de vândalo", salientou.
Durante 13 horas Matheus dividiu uma cela de três metros quadrados com os manifestantes presos. O estudante só foi solto após pagar uma fiança de três mil reais (mil euros).
"Senti uma angústia, a polícia não conseguia fazer o seu trabalho de prender os vândalos, então resolveu pegar pessoas inocentes com uma acusação falaciosa e ainda tivemos que pagar uma fiança mesmo sem poder comprovar que éramos inocentes", criticou.
As detenções arbitrárias levaram mesmo a Amnistia Internacional a divulgar um guia de boas práticas para o policiamento de manifestações públicas, de modo a que "o direito à livre manifestação seja garantido de forma pacífica".
As recomendações são baseadas no Código de Conduta das Nações Unidas e defende que reuniões públicas não podem ser consideradas como inimigas, recomendando-se que se evite o uso da força.
"Se isso for inevitável, para garantir sua segurança e a segurança de outros, deve-se usar o mínimo de força necessária", refere o guia.
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, já admitiu que poderão ter existido abusos e que a Polícia Militar (PM) não conseguiu controlar os manifestantes.
"Tivemos situações que não conseguimos controlar. Se conseguíssemos o Rio não amanheceria como amanheceu. Controlamos muitas outras coisas que poderiam ter tomado dimensões muito maiores", declarou.
O secretário garantiu que todos os excessos da PM serão investigados por procedimentos internos da corporação. A Corregedoria irá investigar também os vídeos colocados na internet.
As autoridades admitem ainda a possibilidade de acionar o Exército para as ruas da cidade.
Os protestos começaram no início de junho em São Paulo, exclusivamente contra a subida das tarifas dos transportes públicos, mas estenderam-se a outras cidades no Brasil e de outros países.
A repressão policial às manifestações motivou outras pessoas a protestarem pela paz e pelo direito de manifestação, bem como outras queixas, entre quais corrupção e a falta de transparência.
Em particular, as manifestações criticam os elevados gastos com a organização de eventos desportivos como o Mundial 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, em detrimento de outras áreas como a saúde e a educação.

Jornal de Notícias on line, 24 de Junho de 2013

Polícia britânica deteve suspeito de quádruplo homicídio nos Alpes

A polícia do Reino Unido anunciou, esta segunda-feira, a detenção de um homem de 54 anos no âmbito da investigação ao quadruplo homicídio ocorrido nos Alpes franceses em setembro de 2012.
Os investigadores britânicos não deram qualquer indicação sobre a identidade do suspeito, mas uma fonte da investigação francesa disse à agência France Presse que se trata do irmão do pai da família assassinada.
Saad al-Hilli, um britânico de origem iraquiana de 50 anos, foi encontrado morto dentro do carro, juntamente com a mulher Iqbal, de 47 anos, e a sogra Suhaila al-Allaf, de 74 anos, em setembro, na região de Chevaline, nos Alpes Franceses.
Uma quarta vítima, um ciclista francês, Sylvain Mollieroi, foi também encontrada morto ao lado do carro.
De acordo com a polícia britânica, o suspeito foi detido cerca das 7.30 horas no condado de Surrey, próximo de Londres, onde vivia a família de al-Hilli.
O homem é suspeito de "conspiração para cometer crime", precisaram os investigadores ingleses em comunicado, adiantando que será ouvido pela polícia nessa qualidade.
Zaid al-Hilli, irmão de uma das vítimas, tinha já sido ouvido pela polícia no quadro da investigação ao quádruplo homicídio em setembro, que conta com a participação da polícia francesa.

Jornal de Notícias on line, 24 de Junho de 2013

Fundador da Wikileaks diz que Edward Snowden está "são e salvo"

Edward Snowden, acusado de espionagem pelos Estados Unidos por ter revelado programas de vigilância em massa de comunicações, está "são e salvo", afirmou o fundador do Wikileaks, Julian Assange, sem revelar o paradeiro do ex-consultor da CIA.
Segundo Assange, Snowden recebeu do governo do Equador um documento de refugiado que lhe permite viajar, depois de os Estados Unidos terem revogado o seu passaporte. O documento em causa é transitório e não implica, sublinhou, que aquele país venha a aceitar o pedido de asilo formulado.
Snowden e Sarah Harrison, a jornalista britânica que trabalha com a equipa jurídica do portal Wikileaks e o acompanha, "estão de boa saúde e em segurança", disse Assange numa teleconferência.
"Não posso dar informações sobre o paradeiro deles ou outras circunstâncias", disse.
"Sabemos onde Snowden está. Está num local seguro e com o moral elevado", acrescentou o australiano, justificando a impossibilidade de dar pormenores nesta altura com "as ameaças belicosas da administração norte-americana".
Edward Snowden, que se encontrava em Hong Kong desde o final de maio, viajou no domingo para Moscovo e o seu paradeiro é desconhecido, com informações contraditórias a circularem hoje sobre se terá ou não embarcado num voo de Moscovo para Cuba, de onde deveria seguir para o Equador, país a que pediu asilo.
Assange disse que Snowden partiu de Hong Kong "com destino ao Equador, através de uma rota segura que passa pela Rússia e por outros Estados".
"Não podemos revelar em que país está nesta altura", disse.
"Hoje de manhã, o secretário de Estado norte-americano (John Kerry) disse que Snowden é um traidor. Ele não é um traidor, não é um espião, é alguém que revelou segredos, que disse em público uma verdade importante", afirmou Julian Assange.
Snowden, funcionário de uma empresa privada subcontratada pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, revelou a 09 de junho aos jornais britânico The Guardian e norte-americano The Washington Post a existência de dois programas de "vigilância em massa" de comunicações telefónicas nos EUA e de comunicações via internet no estrangeiro.
O informático, de 30 anos, refugiou-se em Hong Kong e, no domingo, dias depois de ter sido formalmente acusado pelos Estados Unidos de espionagem, viajou para Moscovo. Segundo as autoridades da antiga colónia britânica, a documentação apresentada pelos Estados Unidos para suportar o pedido de extradição estava incompleta.
Julian Assange, fundador do portal Wikileaks, vive há mais de um ano na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para não ser deportado para a Suécia devido a acusações de crimes sexuais, que nega. Assange receia ser depois extraditado da Suécia para os Estados Unidos, que querem julgá-lo pela divulgação de milhares de telegramas diplomáticos norte-americanos.

Jornal de Notícias on line, 24 de Junho de 2013

Silvio Berlusconi condenado a sete anos de prisão

Composição de duas imagens, que mostram Silvio Berlusconi e Ruby
 Silvio Berlusconi foi condenado, esta segunda-feira, a sete anos de prisão e à inabilitação perpétua para exercer cargos públicos. O ex-primeiro-ministro italiano foi considerado culpado de recurso à prostituição de menores e de abuso de poder.
foto GIUSEPPE ARESU/AFP

Um tribunal de Milão, Itália, condenou, esta segunda-feira, Silvio Berlusconi a sete anos de prisão e à inabilitação perpétua para exercer cargos públicos. O antigo primeiro-ministro italiano foi considerado por pagar para ter sexo com uma dançarina exótica, conhecida por Ruby, quando esta era menor.
O coletivo de juízes, composto por três mulheres, consideraram, ainda, Berlusconi por abuso de poder, ao usar os poderes de chefe do Governo para encobrir o caso e, noutra altura, para conseguir a libertação de "Ruby", quando esta foi detida por suspeita de furto.
A condenação de Berlusconi, de 76 anos, só será efetiva depois de o acusado esgotar os recursos possíveis.
O julgamento começou em 2011 e surgiu no âmbito de investigações a festas, descritas como "orgias" pelo Ministério Público, organizadas na primavera do ano anterior numa luxuosa mansão de Berlusconi em Arcore, perto de Milão, nas quais participou a jovem marroquina Karima El Mahroug, conhecida como Ruby, que na altura tinha 17 anos.
A procuradora Ilda Boccassini tinha pedido uma pena para o ex-chefe de Governo italiano não inferior a seis anos de prisão, cinco anos por ter usado em maio de 2010 a sua posição para libertar a jovem, detida por um furto, e mais um ano por "ter pago as prestações sexuais da menor".
Desde a sua entrada na política em 1994, Silvio Berlusconi já foi condenado a mais de 10 anos de prisão, por diversos crimes, mas nenhum dos julgamentos é até agora definitivo.
As três magistradas que julgaram Berlusconi decidiram entregar ao Ministério Público as atas de alguns depoimentos para investigarem possíveis falsas declarações.

Diário de Notícias, 24 de Junho de 2013

A FIFA é a "troika" deles

por FERREIRA FERNANDES
Na prisão paulista Tiradentes, em 1970, a revolucionária Vanda sonhou com manifestações de um milhão cercando o Palácio do Planalto, em Brasília - lembrava, ontem, o cronista brasileiro Elio Gaspari. Já sem o seu nome da clandestinidade, Dilma Rousseff acabou, na semana passada, por viver um dia assim. Mas do lado errado: dentro do palácio, de onde só saiu protegida pela tropa. Outro cronista, Ancelmo Gois, revela que Wilson Simoninha é um dos produtores do jingle Vem Pra Rua, lançado para ser anúncio da Fiat na Taça das Confederações. Com os seus versos ("a rua é a maior arquibancada do Brasil"), a musiquinha estava a pedi-las e tornou-se o hino das atuais manifestações. Ora Simoninha é filho de Wilson Simonal. E Simonal é um dos grandes da música brasileira (oiçam Nem Vem Que Não Tem), negão que cantava com Sarah Vaughan e enchia salas... mas não criticava a ditadura militar. Quando esta caiu, suspeitou-se que Simonal tinha amigos da polícia política e ele acabou como artista... Ironias destas - o Palácio do Planalto e Vanda/Dilma e o filho do reacionárioSimonal incendiando hoje as massas - são ótimas para filme mas não nos explicam este Brasil. Outro cronista, Luis Fernando Verissimo, deixa pista mais sólida: os brasileiros engalinham com a FIFA. Com a mania de dar ordens em casa alheia, ela acabou por desautorizar os comparsas, as autoridades locais. Traduzo: por cá, com troca nas fífias, FIFA diz-se troika.

Diário de Notícias, 24 de Junho de 2013

Recuperação da zona euro vai ser lenta com PIB a crescer 0,9% em 2014

LUSA 

A Ernst & Young acredita que a recuperação na zona euro vai ser lenta, esperando que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 0,9% em 2014 e em torno de 1,5% ao ano entre 2015 e 2017.
De acordo com o relatório de Verão para a zona euro elaborado pela consultora Ernst & Young, “espera-se uma recuperação mais lenta do que inicialmente previsto, com o PIB a crescer 0,9% em 2014 e em torno de 1,5% ao ano no período de 2015-2017”, enquanto o desemprego deve atingir “um pico máximo” na área do euro de 12,7% no primeiro trimestre do próximo ano.

O estudo prevê ainda uma contracção de 0,6% do PIB este ano, o que corresponde a uma queda “ligeiramente superior” à observada em 2012.

“O impacto negativo do ambiente internacional sobre as exportações e o aumento do desemprego na zona euro continuarão a prejudicar o crescimento e resultarão numa recessão, em 2013, superior ao previsto”, refere o estudo.

O relatório, embora reconheça alguns “sinais de melhoria” nesta região, garante que “pequenas ou nenhumas alterações” podem ser esperadas a menos que o Banco Central Europeu (BCE) tome medidas “mais significativas”.

O estudo assinala ainda uma mudança no discurso dos responsáveis políticos que actualmente passaram a referir a necessidade de uma maior credibilidade fiscal e menos austeridade.

A consultora conclui que “uma eventual redução para metade” das medidas de austeridade actualmente prevista resultaria num aumento do PIB da zona euro de cerca de 1% em 2014, com a Grécia e a Espanha a serem os países mais beneficiados.

Segundo a Ernst & Young, o atraso na recuperação da zona euro é em parte explicado pelo arrefecimento dos mercados emergentes, nomeadamente a China e o Brasil.

“Estes dois países são mercados chave para as exportações da região e motores do crescimento global", estando a sua evolução actual a superar os "efeitos positivos” da situação nos Estados Unidos, salienta.

O documento refere também que a fraca procura por bens e serviços da zona euro irá afectar o crescimento das exportações, que até agora têm permanecido “um ponto positivo” para economias, como a alemã e a espanhola.

A consultora reviu em alta a taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2014 para 12,7% (dos 12,5% estimados anteriormente), o que corresponde a mais 500 mil trabalhadores desempregados na zona euro.

Actualmente, 20,5 milhões de pessoas estão desempregadas na zona euro, com destaque para os jovens (24% em média).

Na Grécia e em Espanha “os níveis são alarmantes”, com taxas de desemprego de 59% e 56%, respectivamente.

A consultora prevê que, com esta conjuntura, a fraqueza do mercado de trabalho irá influenciar negativamente o rendimento familiar e que, consequentemente, o consumo seja afectado ao longo dos próximos anos.

Em 2013, o consumo privado na zona euro deverá reduzir-se em 0,8%, embora para 2014 se estime que cresça 0,5% e aumente para um pouco mais de 1% em 2015.
Público on line, 24 de Junho de 2013

Governo tem de reconhecer que “algo falhou”, dizem confederações patronais

 Estratégia para o Crescimento

O Governo está a tempo de “salvar o país da recessão e do abismo”, mas para isso tem de “reconhecer, com humildade, que algo falhou”, consideram as quatro confederações patronais representadas na Concertação Social, que pedem ao Executivo medidas urgentes e concretas que invertam a recessão e reanimem o tecido empresarial.
Num documento conjunto em defesa de um compromisso para o crescimento económico, apresentado nesta segunda-feira em Lisboa, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação dos Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) não poupam críticas às políticas de austeridade seguidas pelo Governo nos últimos dois anos e pedem um equilíbrio entre a redução do défice público e uma eventual redução dos impostos acompanhada por medidas de estímulo à economia, ao investimento, à competitividade e ao emprego.
“Não se vê uma luz ao fundo do túnel” para o fim da recessão, alertou o presidente da CCP, João Vieira Lopes, para quem a estratégia de estímulo económico apresentada pelo Governo não vem dar resposta imediata aos problemas de curto prazo das empresas, do desemprego e da queda do investimento e da procura interna. “Assistimos a um definhar de um conjunto de empresas”, ao aumento do desemprego, da recessão, vincou este responsável, durante a apresentação do compromisso “Novo Rumo para um Portugal de Futuro”, numa conferência de imprensa onde estiveram os líderes das quatro confederações.
Vieira Lopes notou “aspectos positivos” na chamada estratégia para o crescimento, mas disse tratar-se de “medidas de carácter genérico”, sem prazos definidos ou efeitos imediatos na economia.
Para as confederações, é preciso alterar a política fiscal, mas “para reactivar o mercado interno”, disse o presidente da CAP, João Machado, não basta reestruturar o IRC. “É preciso ir mais longe”, vincou, defendendo a necessidade de se “olhar com mais atenção para o IRS” e para o IVA. “Todas estas matérias têm de estar em cima da mesa a par com o IRC”. Sinal dessa urgência, diz Francisco Calheiros, da CTP, é “a curiosidade” de – sublinhou – não ter visto nenhum economista a defender as vantagens de um aumento do imposto sobre o consumo.
O Governo já veio defender uma baixa da carga fiscal assim que houver margem, como assumiu ainda na semana passada o ministro da Economia, Alvaro Santos Pereira. Mas os patrões querem que o Executivo passe das palavras aos actos e estabeleça, desde já, um calendário e assuma metas.
Para João Vieira Lopes, “a contracção excessiva do mercado interno está a ter efeitos demolidores nas próprias empresas exportadoras” e, neste quadro são precisas da parte do Governo “propostas mais concretas e datadas”.
As confederações que desenharam e subscreveram o texto entendem que o Governo vai a tempo de “alterar a trajectória”. E “o primeiro passo para se corrigir é reconhecer que se errou, mas o Governo tarda em dar sinais nesse sentido”, frisam no documento, centrado em seis princípios de orientação de política económica que vão da alteração da política fiscal à adopção de medidas para a diminuição do desemprego.
Ao apresentarem um documento público com as suas preocupações, os patrões deixam críticas ao posicionamento do Governo em relação aos parceiros sociais. “Não reconhecemos que a Concertação Social falhou”, esclareceu, no entanto, o presidente da CIP, António Saraiva, dizendo ser preciso “gerar um compromisso com este Governo que ponha no terreno” as medidas que não estão a ser cumpridas no quadro do acordo de concertação assinado em Janeiro do ano passado.
O compromisso – assinado entre o Governo, as quatro confederações e a UGT – “tem de ser cumprido selectivamente e urgentemente”. Para isso, disse António Saraiva, o Governo deve encontrar um novo rumo e o documento agora apresentado é esse contributo. Mas “não há maneira de inverter a situação do país se não se inverter a política”, reforçou João Machado.
Errado é “caminhar na mesma direcção”
A “uma voz”, como sublinham no texto, os patrões dizem estar unidos “em torno das medidas que sejam capazes de recuperar os postos de trabalho, que estão a deixar perto de um quarto da população activa no desemprego”, na tarefa de travar a contracção do investimento e, acrescentam, de “tirar da letargia” a economia portuguesa.
“Se o que exigimos ao Governo é também realismo, não poderíamos deixar de referir os números do descontentamento”, frisou Francisco Calheiros, que leu o texto em nome das quatro confederações. E disparou: “Nos últimos dois anos, o número de desempregados aumentou em 263 mil. Em 2010, a taxa de desemprego era de 10,9%, este ano, ronda os 18%. No que diz respeito ao investimento, a quebra está no limiar dos 30%. Paralelamente, a produção cai 6,3%”.
Para os patrões, há quem entenda “que uma mudança de rumo agora pode complicar ainda mais aquele que já é um cenário cheio de dificuldades”. Não é essa a visão das confederações. “Entendemos que o pior a fazer face ao cenário com que estamos deparados é continuar a caminhar na mesma direcção”.

Público on line, 24 de Junho de 2013

Voo de Moscovo para Havana levanta sem Snowden

Agência de notícias russa diz que "provavelmente" o norte-americano já não se encontra na capital russa.

O voo onde se esperava que Edward Snowden viajasse de Moscovo para Havana levantou sem o jovem norte-americano, ex-consultor informático de empresas subcontratadas pela Agência Nacional de Segurança (NSA) que os Estados Unidos acusam de espionagem e roubo de propriedade. Mas a agência de notícias Interfax diz que Snowden já não deverá estar na capital russa.
Snowden chegou domingo a Moscovo, vindo de Hong Kong, onde estava desde 20 de Maio. Foi ali que escolheu ficar depois de ter enviado para os jornais Guardian e Washington Post a extensa documentação que reunira sobre os programas de registos de chamadas telefónicas e recolha de emails e conversas na Internet geridos pela NSA.
Os Estados Unidos acusaram formalmente Snowden na sexta-feira, pedindo às autoridades de Hong Kong para o prenderem – estas dizem que ainda esperavam por algumas informações sobre o processo no momento em que Snowden quis abandonar a região administrativa chinesa, pelo que não tinham como impedi-lo de viajar.
Snowden viajou de Hong Kong para Moscovo acompanhado por membros da Wikileaks, de Julian Assange, incluindo Sarah Harrison, consultora jurídica do fundador da Wikileaks . Pensava-se que voaria agora para a capital cubana e dali para a Venezuela ou o Equador – o Ministério dos Negócios Estrangeiros equatoriano confirmou ter recebido um pedido de asilo.
Vários jornalistas que apanharam o avião para Havana, que levantou pelas 11h15 (14h15 em Moscovo) dizem que Snowden não está a bordo. A companhia russa Aeroflot já confirmou isso mesmo.
Uma fonte citada pela agência de notícias Interfax diz que "Snowden provavelmente já deixou a Rússia". "Ele pode ter viajado a bordo de outro avião. É pouco provável que os jornalistas tenham testemunhado a sua partida."
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, considerou esta segunda-feira “muito decepcionante” que Snowden tenha podido viajar de Hong Kong para Moscovo, afirmando que haverá consequências nas relações dos EUA com a Rússia e com a China.
Segundo responsáveis chineses citados pela Reuters, foi a própria China que orquestrou a fuga de Snowden, precisamente para evitar uma batalha judicial sobre a extradição que se avizinhava longa e que Pequim considerava que seria prejudicial para as relações com Washington.
Público, 24 de Junho de 2013

Homem que vive na sua empresa por não ter condições para ter casa interpelou ministro

LUSA 
Poiares Maduro estava a visitar feira, quando empresário pediu para falar.

Foi hoje, durante a visita à Feira do Granito de Vila Pouca de Aguiar, que um empresário se dirigiu ao ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional Miguel Poiares Maduro para dizer que se devia pensar mais no presente e nas dificuldades que os portugueses estão a viver neste momento. “Eu tenho uma empresa e vivo dentro da empresa porque não tenho condições para ter um apartamento”, disse o empresário que não se quis identificar por não querer protagonismo.
Em resposta, Poiares Maduro disse que um dos problemas do país é que pensou durante muitos anos só no presente sem antecipar e planear o futuro.
O empresário pediu para falar logo após o discurso do governante na sessão de boas vindas, que decorreu no recinto da feira. Poiares Maduro prometeu que falaria no final e falou. Reacção mais intempestiva teve o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias, que não gostou que o empresário tivesse “interrompido” a sessão.
Questionado pelos jornalistas sobre esta interrupção, o ministro disse que compreende que as pessoas sintam dificuldades com os sacrifícios que estão a passar e que entende os protestos, sobretudo quando são genuínos. Poiares Maduro reconheceu as “grandes dificuldades que as pessoas atravessam”. “Mas sei que lhes estamos a preparar um futuro melhor, sei que os portugueses têm consciência disso e que estão disponíveis para aceitar certos sacrifícios se eles tiverem como consequência o futuro melhor, um futuro mais sustentável para os seus filhos”, frisou.
Durante a visita, o ministro também arregaçou as mangas, juntou-se às cerca de 700 pessoas que participaram no tradicional “Arrastão da Grande Pedra” — e ajudou a puxar uma pedra de 14 toneladas. “Quando puxam todos é muito mais fácil”, afirmou no final.
“Pode ser que eu leve comigo para Lisboa um pouco da poção mágica para ajudar a arrastar as pedras que também temos por lá”, disse ainda. “Essa poção mágica é sobretudo o esforço conjunto de todas as pessoas e é disso que necessitamos.”

Público, 24 de Junho de 2013