O
presidente da República, Cavaco Silva, exonerou Joaquim Pais Jorge de
secretário de Estado do Tesouro, anunciou esta sexta-feira o Palácio de Belém.
A pasta do tesouro será assumida pela ministra das Finanças.
"Nos
termos do artigo 133.º, alínea h), da Constituição, o presidente da República
exonerou, a seu pedido e sob proposta do primeiro-ministro, o dr. Joaquim Pais
Jorge do cargo de secretário de Estado do Tesouro", anunciou a Presidência
da República no seu sítio oficial na internet.
O
gabinete de Maria Luís Albuquerque explicou, entretanto, que "é de
lei" que, quando um secretário de Estado é exonerado pelo presidente da
República, é o ministro encarregado que assume a pasta em causa, o que não
impede uma nomeação futura.
A
mesma fonte acrescentou que "é preciso aguardar" para se saber se vai
haver ou não ser feita uma nova nomeação para o cargo de secretário de Estado
do Tesouro.
A
proposta de "swap' que o Citigroup fez, em 2005, a assessores económicos
do Governo PS para baixar o défice orçamental levou Joaquim Pais Jorge a pedir,
na quarta-feira, a demissão de secretário de Estado do Tesouro, cargo que
ocupava desde o início de julho.
De
acordo com o documento divulgado pela revista "Visão" no dia 1 de
agosto, Joaquim Pais Jorge constava da equipa responsável pela proposta
apresentada pelo Citigroup, banco em que era diretor.
Num
comunicado enviado na terça-feira pelo Ministério das Finanças, o gabinete
liderado por Maria Luís Albuquerque disse que o documento que implica Joaquim
Pais Jorge nos contratos "swap" foi manipulado e indica que uma das
"discrepâncias" é "um organigrama inverosímil, que não consta da
apresentação original".
Apesar
disso, na quarta-feira, Pais Jorge apresentou a demissão, afirmando que não tem
de se "sujeitar" ao tratamento mediático de que foi "alvo nos
últimos dias".
Os
ex-assessores económicos de José Sócrates confirmam na quinta-feira que tiveram
reuniões em 2005 com representantes do Citigroup, entre eles Joaquim Pais
Jorge, onde lhes foram propostos "swaps" para reduzir artificalmente
o défice orçamental.
Vitor
Escária e Óscar Gaspar sublinham que o Governo "nunca executou nenhuma
destas operações" e que "estas ideias nunca foram sequer levadas ao
conhecimento do primeiro-ministro", José Sócrates.
Jornal
de Notícias, 10 de Agosto 2013