O primeiro-ministro, Passos Coelho, recusou hoje comentar a
queixa-crime do Automóvel Clube de Portugal contra ex-governantes do PS sobre a
gestão das SCUT, mas admitiu que a sociedade civil tem capacidade de tomar as
iniciativas que entender.
"A sociedade civil tem toda a capacidade de tomar, em todo o
tempo, as iniciativas que entender sobre o passado ou sobre o presente, mas não
está nas minhas funções fazer comentários sobre essa natureza", disse
Passos Coelho aos jornalistas, na Figueira da Foz, à margem da sessão do 38.º
aniversário do PSD.
De acordo com a notícia avançada hoje pelo jornal i e pelo
Expresso, o Automóvel Clube de Portugal entregou uma participação criminal no
Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) contra Mário Lino, Paulo Campos
e António Mendonça por alegada gestão danosa nas negociações dos contratos das
SCUT (autoestradas sem custos para o utilizador). Fonte do DIAP confirmou
entretanto à agência Lusa ter dado entrada a queixa do ACP, que foi distribuída
à nona secção.
Passos Coelho referiu que a sua competência, enquanto
primeiro-ministro, é da "concentrar todas as energias em recuperar a
economia" do país.
Questionado pelos jornalistas sobre o relatório do Sistema
Nacional de Integridade para Combate à Corrupção, que será divulgado
segunda-feira, o governante disse desconhecê-lo.
Passos Coelho afirmou esperar que "todas as ações" que
têm vindo a ser preparadas "com grande consenso partidário, até na
Assembleia da República," na luta contra a corrupção "façam o seu
caminho".
De acordo com Passos Coelho, "se há coisa que mina a
confiança das pessoas nos políticos, são fenómenos de falta de transparência e
corrupção", frisou.
"Espero que o panorama no futuro, qualquer que seja esse
retrato que vai ser apresentado e que eu ainda não conheço, só possa
melhorar", disse.
Já sobre se a eventual vitória de François Hollande nas eleições
presidenciais francesas poderá facilitar a saída da crise, Passos Coelho voltou
a não se alongar em comentários, argumentando que "não é habitual, muito
menos no caso português, que um chefe de Governo se intrometa nas questões
eleitorais de outros países".
"Evidentemente que o que vier a acontecer nos próximos anos à
França é importante para toda a Europa", afirmou.
I e Lusa de 5-5-2012