O antigo ministro da Justiça Laborinho Lúcio
defendeu hoje, na Figueira da Foz, que a Polícia Judiciária (PJ) deve tutelar
toda a investigação criminal em Portugal e que esta questão deve ser debatida
no país.
"A Polícia Judiciária deve ser uma
polícia de investigação, ligada diretamente à Justiça, com uma competência
total e exclusiva sobre toda a investigação criminal", disse Laborinho
Lúcio aos jornalistas, à margem do III Congresso de Investigação Criminal.
Embora defenda a tutela da PJ sobre toda a
investigação criminal, na opinião do juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça
"esse é um caminho" a tomar entre outras propostas que possam
existir.
"Não é uma proposta fechada formal, é um
espaço de reflexão e debate que julgo que é necessário se mantenha aberto para
que as propostas variadas sejam tomadas em conta e para que de uma vez por
todas possamos resolver esta questão", afirmou.
Laborinho Lúcio disse concordar com a posição
manifestada quinta-feira, na abertura do congresso, pela ministra da Justiça,
que recusou a possibilidade de Portugal vir a ter de um corpo policial único,
por fusão da Policia Judiciária com outras forças policiais.
Sustentou, no entanto, que a questão
"deve ser debatida, mas num quadro que não se ligue apenas a uma aparente
resposta imediata em termos de eficácia global da segurança", disse.
No painel que integrou durante o congresso, intitulado "A
Sociedade e a Polícia Judiciária: Expetativas", Laborinho Lúcio disse que
a PJ "é uma polícia da Justiça, não é uma polícia da segurança".
No final do debate, adiantou aos jornalistas que sempre defendeu
que a PJ "deve ter, de facto, autonomia enquanto policia de investigação e
deve ser uma polícia dos tribunais, ligada diretamente à Justiça", frisou.
"Aí está o seu verdadeiro núcleo", acrescentou Laborinho
Lúcio.
Ressalvou, no entanto, que nos dias de hoje, numa sociedade
"complexa" e perante a criminalidade nacional e internacional, a
investigação criminal "terá sempre uma componente de segurança como
resultado final".