segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O legado

Correio da Justiça

Por: Rui Cardoso, Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público
Como se não existissem já motivos de sobra para ninguém o esquecer, o Conselheiro Pinto Monteiro não quis deixar a Procuradoria-Geral da República sem causar estragos adicionais, afirmando que o processo Freeport foi um processo político, que o MP está politizado e que a PJ realiza escutas ilegais, o que, se fosse verdade, seria gravíssimo.
Se assim o pensa ou se alguma coisa efectivamente sabe, o que fez para o impedir? Nada. Queixa-se de não ter conseguido fazer o que queria, mas as únicas ideias que lhe foram conhecidas visavam apenas o reforço dos seus próprios poderes, que já eram maiores do que os dos seus antecessores. Conseguiu que não o demitissem, mas não era necessário: ele próprio se demitiu das suas mais primaciais funções.
Aquelas afirmações não têm fundamento e mais não fazem que manchar a honra dos magistrados do MP e dos inspectores da PJ, e descredibilizar as investigações criminais por eles realizadas. Claro que não todas: só as que visam crimes praticados por quem verdadeiramente tem o poder político ou económico.
Péssimo legado de um pobre reinado. A história é sempre advertência para o futuro: há perfis que não devem ser repetidos.