Edward Snowden, acusado de espionagem pelos Estados Unidos por
ter revelado programas de vigilância em massa de comunicações, está "são e
salvo", afirmou o fundador do Wikileaks, Julian Assange, sem revelar o
paradeiro do ex-consultor da CIA.
Segundo Assange, Snowden recebeu do governo do Equador um
documento de refugiado que lhe permite viajar, depois de os Estados Unidos
terem revogado o seu passaporte. O documento em causa é transitório e não
implica, sublinhou, que aquele país venha a aceitar o pedido de asilo
formulado.
Snowden e Sarah Harrison, a jornalista britânica que trabalha
com a equipa jurídica do portal Wikileaks e o acompanha, "estão de boa
saúde e em segurança", disse Assange numa teleconferência.
"Não posso dar informações sobre o paradeiro deles ou
outras circunstâncias", disse.
"Sabemos onde Snowden está. Está num local seguro e com o
moral elevado", acrescentou o australiano, justificando a impossibilidade
de dar pormenores nesta altura com "as ameaças belicosas da administração
norte-americana".
Edward Snowden, que se encontrava em Hong Kong desde o final de
maio, viajou no domingo para Moscovo e o seu paradeiro é desconhecido, com
informações contraditórias a circularem hoje sobre se terá ou não embarcado num
voo de Moscovo para Cuba, de onde deveria seguir para o Equador, país a que
pediu asilo.
Assange disse que Snowden partiu de Hong Kong "com destino
ao Equador, através de uma rota segura que passa pela Rússia e por outros
Estados".
"Não podemos revelar em que país está nesta altura", disse.
"Hoje de manhã, o secretário de Estado norte-americano
(John Kerry) disse que Snowden é um traidor. Ele não é um traidor, não é um
espião, é alguém que revelou segredos, que disse em público uma verdade
importante", afirmou Julian Assange.
Snowden, funcionário de uma empresa privada subcontratada pela
Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, revelou a 09 de junho
aos jornais britânico The Guardian e norte-americano The Washington Post a
existência de dois programas de "vigilância em massa" de comunicações
telefónicas nos EUA e de comunicações via internet no estrangeiro.
O informático, de 30 anos, refugiou-se em Hong Kong e, no
domingo, dias depois de ter sido formalmente acusado pelos Estados Unidos de
espionagem, viajou para Moscovo. Segundo as autoridades da antiga colónia
britânica, a documentação apresentada pelos Estados Unidos para suportar o
pedido de extradição estava incompleta.
Julian Assange, fundador do portal Wikileaks, vive há mais de um
ano na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para não ser deportado
para a Suécia devido a acusações de crimes sexuais, que nega. Assange receia
ser depois extraditado da Suécia para os Estados Unidos, que querem julgá-lo
pela divulgação de milhares de telegramas diplomáticos norte-americanos.
Jornal de Notícias on line, 24 de Junho de 2013
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