quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Políticos a salvo do MP


A ‘abertura do ano judicial’ é uma cerimónia cada vez mais fora do tempo. Ontem, o Presidente da República voltou a clamar contra o clima de guerra que se vive na Justiça, e já o faz há uns quatro ou cinco anos. Ninguém lhe liga. O Bastonário da Ordem dos Advogados fez da cerimónia um mero palco político.
O procurador-geral da República reivindica um balanço para o seu mandato, no combate ao crime económico, que não tem a mínima aderência com a realidade. Mais: foi ao ponto de dizer que “a partir do 25 de Abril a maioria dos políticos relevantes do nosso país passou pela PGR e sem que isso se justificasse”. Se dúvidas houvesse, ficaram desfeitas.
Como se viu no caso Face Oculta, este PGR entende que a investigação criminal não é acto de escrutínio extensível a ‘políticos’. Talvez por isso o Ministério Público esteja no estado em que está: sem liderança, sem estratégia, sem uniformidade operacional. Irá o MP sobreviver a estes seis anos desastrosos?
De resto, sobram o lúcido discurso de Noronha Nascimento e o apoio político expresso de Cavaco às políticas de Paula Teixeira da Cruz, que, pelo seu lado, mostrou serviço.
Eduardo Dâmaso
Correio da Manhã de 01-02-2012

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