quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Marretas da justiça


Recebi ontem um SMS com a seguinte pergunta: “O Marinho Pinto é o líder da oposição ?!” A mensagem diz muito sobre o estado da Justiça.
A cerimónia oficial de abertura do ano judicial, com os seus tradicionais protocolos e os discursos soporíferos, faz-nos recuar aos tempos da Câmara Corporativa do regime de Oliveira Salazar.
Marinho Pinto, o bastonário da Ordem de Advogados, é um caso de estudo do novo corporativismo populista, que procura evitar toda e qualquer mudança em nome de pequenos interesses. Se é verdade, como Marinho Pinto repetiu, que há uma justiça para ricos e outra para pobres, isso deve-se, em primeiro lugar, à Ordem de que é dirigente máximo.
Ao contrário do que declarou Pinto Monteiro, mais um na lista de procuradores-gerais das oportunidades perdidas, o grande problema da Justiça não é a sua ligação aos políticos, mas a crónica falta de vontade política para alterar o estado de coisas e enfrentar os lobbys de serviço.
A ministra Paula Teixeira da Cruz, a quem se deve aplaudir o voluntarismo, vai ter muito que penar para reformar o sistema de Justiça em Portugal.
Paulo Pinto Mascarenhas (Jornalista)
Correio da Manhã de 01-02-2012

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