Gangs
liderados por estrangeiros atacam casas de norte a sul
do País
MIGUEL CURADO/PAULO SILVA REIS
Os assaltos a residências na zona de Chaves alarmavam a PSP há semanas. A investigação cerrou fileiras em tomo de um grupo - dois homens e uma mulher -, observado e fotografado inúmeras vezes a entrar e sair de urbanizações, parecendo estudar os alvos. Quando se apercebeu de que o grupo se preparava para abandonar a cidade, a PSP avançou - deparando-se com uma técnica administrativa da Polícia Judiciária, que agia acompanhada por um georgiano e um polaco, referenciados internacionalmente por assaltos a casas.
Esta operação policial consta de um relatório do Comando Operacional da GNR, a que o CM teve acesso, e que se debruça sobre a evolução do 'fenómeno criminal itinerante' em Portugal durante o ano passado. Ana (nome fictício da funcionária da PJ), que atualmente está colocada na Escola da PJ, em Loures, apanhada em Janeiro de 2012, em Chaves, disse estar acompanhada de amigos.
Na altura afirmou estar de baixa psiquiátrica. A PSP revistou o Renault Laguna onde se fazia transportar com os 'amigos', e na bagageira encontrou inúmeras ferramentas - gazuas e chaves de fendas - usadas nos assaltos a casas.
O caso foi comunicado ao Ministério Público e à PJ. Por não ter conseguido ligar logo o trio a nenhum assalto, a acompanhou então os suspeitos à residencial onde se encontravam hospedados e acompanhou-os para os limites da cidade. O CM sabe que 'Ana' já está a ser alvo de um inquérito disciplinar interno, cuja conclusão está dependente do resultado do processo-crime. Entretanto, mantém-se ao serviço.
Os dois suspeitos que a acompanhavam tiveram destinos diferentes. Dariusz Rogalski, um polaco de 42 anos com várias identidades falsas pela Europa, saiu do país e nunca mais voltou. Giorgi Khabarashvili, natural da Geórgia, foi preso novamente por furtos a residências pela PSP de Lisboa, em Março passado.
Aguarda julgamento em prisão preventiva. O relatório que descreve o caso de Ana, menciona sobretudo a "mobilidade" deste tipo de grupos de Leste. Os operacionais usam uma simbologia própria para marcar as casas a assaltar (ver infografia ao lado) e transferem para o estrangeiro os lucros monetários obtidos.
Caçados com bilhetes para as ilhas
A 3 de Maio de 2012, uma operação conjunta da GNR e da PSP em Portimão permitiu prender dois georgianos e dois checos por furtos a casas. Além de ferramentas usadas, e de bens furtados, o gang tinha bilhetes de avião e de barco para os Açores e Madeira, onde há sus peitasde que também atuem.
PSP DESTACA ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS
A PSP, órgão de polícia criminal que detém o maior número de inquéritos aos crimes de furtos de casas praticados pelos gangs da Europa de Leste, frisa a organização "quase militar" destes grupos. A distribuição de papéis e o uso de meios logísticos são previamente pensados.
ASSALTANTES DEDICAM-SE AINDA A OUTROS CRIMES
• Os grupos de Leste já detetados e desmantelados pelos órgãos de polícia criminal não se dedicam apenas a furtos de casas. Segundo a PSP e a GNR, os suspeitos também se concentram em assaltos a estabelecimentos comerciais, burlas, lenocínio, tráfico de droga e falsificação de documentos.
PORMENORES
TROCA DE INFORMAÇÕES
Os dois cúmplices da técnica da PJ que foram identificados pela PSP de Chaves estavam referenciados pela Guardia Civil, que cedeu informações à polícia.
FECHADURAS
Investigações da PSP e GNR permitiram concluir que os gangs de Leste que atuam em Portugal conseguem abrir 12 tipos diferentes de fechaduras de portas sem deixar marcas.
PASSAPORTES
Os passaportes búlgaros, lituanos e checos devem, segundo o relatório do Comando Operacional da GNR, merecer especial atenção das patrulhas, levando a contacto obrigatório com o SEF.
Testes químicos para metais preciosos
Tomas Pocius é um lituano preso pelo SEF em Abril de 2012, em Lisboa, quando se preparava para apanhar um avião para Itália. Tinha em casa, na Brandoa, réplicas de fechaduras para treinar os assaltos a casas, e ainda reagentes químicos para testar o grau de pureza de ouro e prata.
do País
MIGUEL CURADO/PAULO SILVA REIS
Os assaltos a residências na zona de Chaves alarmavam a PSP há semanas. A investigação cerrou fileiras em tomo de um grupo - dois homens e uma mulher -, observado e fotografado inúmeras vezes a entrar e sair de urbanizações, parecendo estudar os alvos. Quando se apercebeu de que o grupo se preparava para abandonar a cidade, a PSP avançou - deparando-se com uma técnica administrativa da Polícia Judiciária, que agia acompanhada por um georgiano e um polaco, referenciados internacionalmente por assaltos a casas.
Esta operação policial consta de um relatório do Comando Operacional da GNR, a que o CM teve acesso, e que se debruça sobre a evolução do 'fenómeno criminal itinerante' em Portugal durante o ano passado. Ana (nome fictício da funcionária da PJ), que atualmente está colocada na Escola da PJ, em Loures, apanhada em Janeiro de 2012, em Chaves, disse estar acompanhada de amigos.
Na altura afirmou estar de baixa psiquiátrica. A PSP revistou o Renault Laguna onde se fazia transportar com os 'amigos', e na bagageira encontrou inúmeras ferramentas - gazuas e chaves de fendas - usadas nos assaltos a casas.
O caso foi comunicado ao Ministério Público e à PJ. Por não ter conseguido ligar logo o trio a nenhum assalto, a acompanhou então os suspeitos à residencial onde se encontravam hospedados e acompanhou-os para os limites da cidade. O CM sabe que 'Ana' já está a ser alvo de um inquérito disciplinar interno, cuja conclusão está dependente do resultado do processo-crime. Entretanto, mantém-se ao serviço.
Os dois suspeitos que a acompanhavam tiveram destinos diferentes. Dariusz Rogalski, um polaco de 42 anos com várias identidades falsas pela Europa, saiu do país e nunca mais voltou. Giorgi Khabarashvili, natural da Geórgia, foi preso novamente por furtos a residências pela PSP de Lisboa, em Março passado.
Aguarda julgamento em prisão preventiva. O relatório que descreve o caso de Ana, menciona sobretudo a "mobilidade" deste tipo de grupos de Leste. Os operacionais usam uma simbologia própria para marcar as casas a assaltar (ver infografia ao lado) e transferem para o estrangeiro os lucros monetários obtidos.
Caçados com bilhetes para as ilhas
A 3 de Maio de 2012, uma operação conjunta da GNR e da PSP em Portimão permitiu prender dois georgianos e dois checos por furtos a casas. Além de ferramentas usadas, e de bens furtados, o gang tinha bilhetes de avião e de barco para os Açores e Madeira, onde há sus peitasde que também atuem.
PSP DESTACA ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS
A PSP, órgão de polícia criminal que detém o maior número de inquéritos aos crimes de furtos de casas praticados pelos gangs da Europa de Leste, frisa a organização "quase militar" destes grupos. A distribuição de papéis e o uso de meios logísticos são previamente pensados.
ASSALTANTES DEDICAM-SE AINDA A OUTROS CRIMES
• Os grupos de Leste já detetados e desmantelados pelos órgãos de polícia criminal não se dedicam apenas a furtos de casas. Segundo a PSP e a GNR, os suspeitos também se concentram em assaltos a estabelecimentos comerciais, burlas, lenocínio, tráfico de droga e falsificação de documentos.
PORMENORES
TROCA DE INFORMAÇÕES
Os dois cúmplices da técnica da PJ que foram identificados pela PSP de Chaves estavam referenciados pela Guardia Civil, que cedeu informações à polícia.
FECHADURAS
Investigações da PSP e GNR permitiram concluir que os gangs de Leste que atuam em Portugal conseguem abrir 12 tipos diferentes de fechaduras de portas sem deixar marcas.
PASSAPORTES
Os passaportes búlgaros, lituanos e checos devem, segundo o relatório do Comando Operacional da GNR, merecer especial atenção das patrulhas, levando a contacto obrigatório com o SEF.
Testes químicos para metais preciosos
Tomas Pocius é um lituano preso pelo SEF em Abril de 2012, em Lisboa, quando se preparava para apanhar um avião para Itália. Tinha em casa, na Brandoa, réplicas de fechaduras para treinar os assaltos a casas, e ainda reagentes químicos para testar o grau de pureza de ouro e prata.
Correio da
Manhã, 15-01-2013
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