BANCA
SUPERVISOR ACOMPANHA EVOLUÇÃO DAS POUPANÇAS
Banqueiros sentem que os depositantes estão “muito
nervosos”
MIGUEL ALEXANDRE GANHÃO
Os banqueiros portugueses sentem que os
depositantes “estão muito nervosos” e que qualquer declaração imprudente sobre
alterações de regras no sistema financeiro pode ter um resultado muito
negativo. Para afastar este receio, o Banco de Portugal está a monitorizar a
evolução dos depósitos nos diversos bancos “várias vezes por dia”. Segundo
apurou o CM, o supervisor sabe, diariamente, qual a massa monetária que circula
pelas instituições financeiras. Os últimos números do supervisor, de março, não
mostram alterações significativas no volume dos depósitos, embora exista alguma
diminuição nos saldos dos depósitos até um ano, de fevereiro para março. No
entanto, tratam-se de valores que ainda não refletem os efeitos da crise
cipriota, que levou ao pedido de resgate no valor de 10 mil milhões de euros no
final de março.
O nervosismo dos depositantes, sempre que se fala
na falta de proteção dos depósitos acima de 100 mil euros, tem levado os
aforradores a procurarem fracionar as suas poupanças (para quantias inferiores
a 100 mil euros), ou a incluírem vários titulares nas contas para multiplicar a
proteção.
Ontem, o presidente do Millennium/BCP disse que o
“Chipre e Portugal têm situações completamente diferentes, que são conhecidas e
são claras. O setor financeiro em Chipre tinha uma dimensão absolutamente
extraordinária, grande parte dos depósitos era de não residentes, não tem nada
a ver com Portugal” Nuno Amado falava aos jornalistas, no final da assembleia geral
do banco, para “esclarecer o conteúdo de um artigo publicado na edição online
do jornal britânico ‘Financial Times’, com o título ” Bancos portugueses te
mem’vírus de Chipre’”, onde Nuno Amado e Ricardo Salgado, presidente da
comissão executiva do Banco Espírito Santos (BES), recomendavam moderação na
linguagem aos líderes europeus.
SETOR FINANCEIRO
O presidente da Confederação Empresarial de
Portugal (CIP), António Saraiva, considerou ontem que alargar a toda a União
Europeia (UE) a medida de resgate adotada no Chipre para os maiores depósitos
bancários põe em causa a confiança no sistema financeiro.
CONFIANÇA
O presidente do Tribunal de tas, Guilherme
d’Oliveira Martins, considerou que a confiança “é um valor fundamental” e é
preciso “dar sinais certos” para que não haja movimentos que ponham em causa a
coesão, confrontado com o “vírus de Chipre”, invocado pelos presidentes do BCP
e do BES numa entrevista ao jornal ‘Financial Times’.
Bancos têm mais disponível
O governador do Banco de’ Portugal tem vindo a
dizer, repetidamente, que as instituições financeiras nacionais estão mais
“sólidas e capitalizadas” Os novos rácios de capitalização exigidos pelo
supervisor levaram a que os oito maiores grupos bancários nacionais tivessem de
arranjar fundos próprios adicionais no valor de 3,8 mil milhões de euros.
Além daqueles montantes, a Autoridade Bancária
Europeia (EBA) exigiu mais 2,5 mil milhões de euros aos bancos, de modo a
fazerem face a perdas relacionadas com títulos da dívida pública nas suas
carteiras.
Carlos Costa tem acompanhado o processo de
desalavancagem dos bancos portugueses, realizando trimestralmente análises às
várias carteiras de crédito, de modo a reforçar as garantias prestadas pelos
clientes, e executando exercícios prospetivos a dois e três anos sobre a
evolução dos créditos concedidos.
Limite mínimo suspenso para ajudar Chipre
Desde o início de maio que o Banco Central Europeu
(BCE) decidiu suspender os limites exigidos para a aplicação dos requisitos
mínimos em termos de limites da qualidade de crédito para os instrumentos de
dívida transacionáveis emitidos ou integralmente garantidos pelo governo
cipriota.O BCE deu assim uma folga para o financiamento dos bancos cipriotas e
está a planear realizar um encontro anual na capital, Nicósia em 2015.
Correio
Manhã, 21 Maio 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário