Conselheiros
do Presidente emitiram um comunicado com alguns princípios gerais que
debateram, mas foram parcos em conclusões. Reunião durou sete horas.
A reunião
durou sete horas
BRUNO
CASTANHEIRA
Depois
de sete horas de reunião, os conselheiros do Presidente da República defenderam
a necessidade de se promover um “adequado equilíbrio entre disciplina
financeira, solidariedade e estímulo à actividade económica” no seio dos
Estados-membros, com a ajuda das instituições europeias. Discutiu-se também a
questão tão actual da garantia dos depósitos bancários abaixo dos 100 mil
euros.
Em
comunicado lido pelo secretário do Conselho de Estado, os conselheiros
consideram que cabe ao programa de aprofundamento da União Económica e
Monetária criar condições para que a União Europeia e os Estados-membros
“enfrentem, com êxito, o flagelo do desemprego que os atinge e reconquistem a
confiança dos cidadãos”.
Há
um mês, em viagem de Estado à Colômbia, o Presidente da República afirmou que
os portugueses têm feito grandes sacrifícios e que o país “estaria melhor se as
instituições europeias também fizessem a sua parte”.
Numa
só página com cinco pontos, os 18 conselheiros de Cavaco Silva descrevem ainda
as temáticas que abordaram nesta longa reunião, mas sem tomar mais nenhuma
posição concreta. Se temas de política interna foram abordados, isso não consta
desta comunicação oficial.
Nos
restantes pontos do comunicado, o Conselho de Estado descreve que se debruçou
sobre os “desafios que se colocam ao processo de ajustamento português no
contexto das reformas em curso na União Europeia e tendo em vista o período
pós-troika”. Mas não identifica tais desafios nem como os ultrapassar.
No
quadro da criação de uma União Bancária, lê-se também no documento, “o Conselho
analisou a instituição dos mecanismos de supervisão, de resolução de crises e
de garantia de depósitos dos bancos”, considerada um “passo da maior
importância para corrigir a actual fragmentação dos mercados financeiros da
zona euro”. Sobre a questão da garantia dos depósitos bancários, o ministro das
Finanças assegurou há dias que os depósitos abaixo dos 100 mil euros estão
sempre assegurados e são intocáveis.
Os
conselheiros do Presidente da República contam ainda que se debruçaram sobre a
perspectiva do “reforço da coordenação das políticas económicas e da criação de
um instrumento financeiro de solidariedade destinado a apoiar as reformas
estruturais dos Estados-membros, visando o aumento da competitividade e o crescimento
sustentável”. Mas também não se manifestam sobre como e até que ponto pode ser
reforçada essa coordenação nem as condições desse instrumento financeiro.
Sampaio:
Reunião “foi interessante”
A reunião do Conselho de Estado terminou no palácio de Belém cerca da meia-noite. À saída, boa parte dos conselheiros limitou-se a dizer "boa noite" aos jornalistas.
A reunião do Conselho de Estado terminou no palácio de Belém cerca da meia-noite. À saída, boa parte dos conselheiros limitou-se a dizer "boa noite" aos jornalistas.
O
ex-Presidente da República Jorge Sampaio foi mais explícito: deu um passo atrás
para afirmar que a reunião "foi interessante". Parecia querer dizer
mais alguma coisa, mas depois retraiu-se. Questionado se saía “preocupado” do
encontro, Sampaio respondeu que “preocupante está tudo": "Olhem para
a Síria…”
Questionada
pelos jornalistas sobre se a reunião correu bem, a presidente da Assembleia da
República respondeu "correu, correu". “Bom, agora não vamos falar
mais disso”, apressou-se a acrescentar Assunção Esteves. O ex-Presidente
Ramalho Eanes também lançou um “bem, muito bem”, à mesma pergunta.
Mário Soares
foi o primeiro a sair da reunião às 19h40, enquanto os restantes
conselheiros só abandonaram a sala depois da meia-noite. No fim da
reunião os conselheiros saíram quase todos aos pares. O primeiro-ministro
saiu a conversar, sorridente, com o ex-ministro centrista Bagão Félix, mas nem
sequer levantou os olhos para os jornalistas. Os dois ficaram depois largos
minutos a conversar ao fundo das escadas do palácio.
Público,
21-5-2013
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