O
Presidente da República fez no dia 25 de Abril um dos discursos mais
contundentes desde que chegou a Belém.
O
Presidente da República fez no dia 25 de Abril um dos discursos mais
contundentes desde que chegou a Belém. Cavaco Silva zurziu à direita e à esquerda
e nem os países da zona euro e a ‘troika' escaparam às críticas. Destacou o
desemprego como uma prioridade da acção governativa e afirmou que o efeito
recessivo das medidas de austeridade se mostrou superior ao previsto. Em nome
dos portugueses, apelou a um consenso político alargado enquanto estiver em
vigor o actual ciclo de ajustamento e lembrou que a conflitualidade permanente
vai penalizar os agentes políticos mas, acima de tudo, o interesse nacional.
Acusou a ‘troika' de levar os governos dos países em dificuldades a violarem
regras básicas de equidade, numa alusão ao chumbo do Tribunal Constitucional a
medidas contidas no Orçamento do Estado.
O que
Cavaco disse são evidências e só surpreendem pela acutilância do discurso. O
nível cívico dos políticos ficou patente no facto de, alguns, irem lançando
apartes durante a intervenção do Presidente e muitos permanecerem sentados no
final. Cavaco procurou forçar o PS a aceitar um entendimento com o Governo para
o médio prazo e justificar a acção do ministro das Finanças. Portugal está
perante uma das mais difíceis crises da sua História e se os principais
dirigentes políticos não se entenderem não será possível fazer crescer a
economia e recuperar a dignidade social de muitos portugueses.
O certo é que ninguém se ficará a rir se o País não cumprir aquilo a que se obrigou a nível internacional e não recuperar a independência administrativa perdida aquando do pedido de ajuda externa. Em 25 de Abril de 1974, Portugal rejeitou uma ditadura de 48 anos que o amordaçava. Quase 40 anos depois, tem de saber rejeitar uma tendência irresponsável que o afundará numa espiral de endividamento e de miséria.
Diário Económico 26-4-2013
Sem comentários:
Enviar um comentário