DZHOKHAR TSARNAEV FALOU DURANTE 16 HORAS COM AS AUTORIDADES, ANTES DE SER
INFORMADO QUE PODIA PERMANECER CALADO
Os autores do atentado na maratona de Boston pretendiam, a seguir,
realizar um ataque no centro de Nova Iorque, em Times Square. A informação foi
dada por Dzhokhar Tsarnaev, que está hospitalizado mas a ser interrogado pelo
FBI, e o anúncio foi feito ontem numa conferência de imprensa pelo presidente
da câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg.
Nessa conferência responsáveis da polícia nova-iorquina disseram que
Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, que fizeram deflagrar duas bombas artesanais em
Boston, tinham na sua posse mais seis engenhos explosivos.
A investigação tem agora duas frentes, uma nos EUA — onde Dzhokhar é a
fonte — e outra na república russa do Daguestão, onde está uma equipa do FBI a
interrogar a família dos dois homens. Ontem, surgiu um novo nome. É “Misha”, e
foi Zubeidat Tsarnaeva, mãe dos bombistas, quem falou nele aos agentes
americanos, que, com permissão de Moscovo, estão no Daguestão.
“Misha”, disse a mãe de Tamerlan (26 anos, morto durante a perseguição
policial) e Dzhokhar (19 anos, ferido na perseguição e hospitalizado), é um
arménio convertido ao islão que, em Boston, tinha grande influência sobre o filho
mais velho. “De alguma forma, ele apossou-se da mente dele”, disse aos
jornalistas da Newsweek um tio dos suspeitos. Foi por causa da influência de
“Misha”, continuou o tio, que Tamerlan deixou de praticar boxe e de ouvir
música.
Numa conferência de Imprensa angustiada e com muita fúria dirigida aos
Estados Unidos realizada na capital do Daguestão, a mãe Zubeidat Tsarnaeva e o
pai Anzor Tsarnaev defenderam a inocência dos seus filhos, que dizem terem sido
vítimas de uma conspiração, das autoridades americanas ou do FSB, o sucessor do
KGB.
“A polícia é um assunto sujo. Não sei a quem serviu isto. Só sei que os
meus filhos não fizeram isto”, afirmou Zubeidat Tsarnaeva, num inglês com forte
acento, a cabeça coberta por um lenço negro. As bombas na maratona de Boston
fizeram três mortos e 264 feridos, alguns dos quais ficaram sem membros.
Tamerlan, o irmão mais velho, de 26 anos, foi morto durante a perseguição
policial, e Dzhokhar, o mais novo, de 19 anos, foi ferido com gravidade e está
a ser interrogado pelas autoridades nortes-americanas. Tem nacionalidade
norte-americana e poderá vir a ser condenado à pena capital, quando for julgado
num tribunal civil. Enfrenta a acusação de uso de arma de destruição maciça (as
bombas artesanais).
Dzhokhar prestou declarações durante 16 horas, antes de lhe terem sido
lidos os seus direitos - nomeadamente o direito a permanecer calado. Depois
disso, deixou de falar com as autoridades, relata a Associated Press.
Público 26-4-2013
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