por
Patrícia Viegas
Cortes nas pensões, cortes
salariais em setores como a educação, a saúde e as forças de segurança. Estas
são algumas das recomendações feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI),
num relatório que vai servir de base para um corte de 4 mil milhões de euros na
despesa pública em Portugal, segundo avança hoje o Jornal de Negócios, que teve
acesso ao documento de 80 páginas. Numa primeira reação, à TSF, o líder da
CGTP, Arménio Carlos, disse já que tais recomendações serão rejeitadas e que
tudo fará para que elas não cheguem a sair do papel.
"Propostas desta natureza terão uma
rejeição total daqueles que vivem e trabalham em Portugal", disse Arménio
Carlos àquela rádio, acrescentando que este relatório vem demonstrar que as
políticas que têm sido seguidas não têm tido efeitos.
"Nós não aceitamos que esteja em
desenvolvimento uma linha de ataque sem precedentes contra as funções sociais
do Estado", disse Arménio Carlos, à TSF, sublinhando, assim, a rejeição
das propostas feitas pelo estudo que o FMI enviou ao Governo do PSD-CDS/PP,
liderado por Pedro Passos Coelho.
No documento o FMI sugere uma nova onda de
austeridade: novo aumento das taxas moderadoras na saúde, corte nas horas
extraordinárias dos médicos, redução em 14 mil do número de professores e
colocação de entre 30 mil a 50 mil em mobilidade especial, delegação de
competências do ensinos nos privados, despedimento, ao fim de dois anos, dos
excedentários, corte de 10% em todas as reformas, possível reformulação dos
cálculos das reformas que já estão a ser pagas, corte no valor do subsídio de
desemprego, corte dos salários dos funcionários públicos, etc...
O relatório, que é datado de dezembro, detalha
medidas que "poderão aumentar a eficiência do Estado, reduzindo a sua
dimensão de forma a suportar a saída da crise". E refere que há classes
profissionais (polícias, militares, professores, médicos e juízes) que têm
"demasiadas regalias".
O documento da instituição chefiada por Christine
Lagarde, que tem caráter meramente consultivo, sublinha, porém, que o país deve
procurar um consenso social em torno das medidas que venham a ser adotadas.
Diário de Notícias, 10-01-2013
Sem comentários:
Enviar um comentário