APOSENTAÇÃO REVELA RELATÓRIO DO
TRIBUNAL DE CONTAS SOBRE 2011
Segurança
Social perde 1,5 mil milhões na Bolsa
Investimento
bolsista dá prejuízo milionário no fundo que tem as reservas destinadas a
financiar as pensões no futuro. Dinheiro apenas permite pagar oito meses e meio
de reformas
ANTÓNIO SÉRGIO
AZENHA
O Fundo de
Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), onde está colocado o
dinheiro para pagar as pensões no futuro, perdeu, no ano passado, mais de 1,5
mil milhões de euros na Bolsa. Com um valor de 8,8 mil milhões de euros, uma
redução de quase 8% face a 2010, o FEFSS tinha verbas para pagar reformas
apenas durante oito meses e meio. O relatório do Tribunal de Contas sobre a
Segurança Social em 2011 é categórico: “No cômputodo ano de 2011, o valor
relativo a variação das mais-valias potenciais atingiu 1531,1 milhões de euros
negativos.” Ou seja, esta perda milionária em acções e obrigações “corresponde
à variação líquida da diferença entre o preço de mercado de um activo num
determinado momento e o seu custo de aquisição.” E a sua repartição pela
população acaba por corresponder a 146 euros por cidadão. Com a instabilidade
nos mercados, o FEFSS sofreu uma quebra de 11% na taxa de rendibilidade
acumulada. Mesmo assim, os prejuízos na Bolsa foram atenuados com ganhos
obtidos noutras aplicações, com as perdas finais a cifrarem-se em quase 1,1 mil
milhões de euros.
Para João
Cantiga Esteves, estas perdas do FEFSS são “uma consequência da incerteza nos
mercados.” O professor do ISEG admite que,” neste clima de instabilidade, não
vai ser fácil obter uma rendibilidade interessante.” Para já, como frisa o Tribunal
de Contas, “o valor do FEFSS no final do 4º trimestre de 2011 equivalia a 61,5%
do valor que se previa gastar com pensões em 2011″, que rondou 14,5 mil milhões
de euros. Ou seja, os 8,8 mil milhões de euros apenas dão para oito meses e
meio de pensões. O CM questionou o Ministério da Segurança Social sobre o valor
actual do FEFSS, mas, até ao fecho desta edição, não obteve resposta.
Palácios para
pagar as pensões
O Governo vai
vender imóveis, entre eles vários palácios, para cobrir o buraco de 30 milhões
de euros do Fundo de Pensões dos militares, confirmou ontem o ministro da
Defesa. Segundo Aguiar-Branco, um estudo sobre o fundo concluiu que o resgate
custaria 400 milhões de euros. Trata-se de uma matéria “delicada” admitiu o
ministro. Aguiar-Branco, que foi ouvido no âmbito da discussão na especialidade
da proposta de Orçamento do Estado para 2013, garantiu que a alienação do
património será feita de uma forma o menos burocrática e o mais célere
possível. Em relação aos cortes de 500 milhões anunciados pela ministra da
Justiça e que seriam repartidos pela Defesa, Segurança e Justiça, Aguiar-Branco
disse que não haveria cortes em 2013 e que os estudos se referem a medidas a
implementar em 2014.
R.O.
Fugir da
dívida portuguesa
O FEFSS
reduziu em mais de 20% a sua exposição à dívida pública portuguesa: no final de
2011, o investimento ascendia a 3,7 mil milhões de euros, contra quase 4,7 mil
milhões em 2010. Num ano, a fuga da dívida pública portuguesa atingiu 955,5
milhões de euros, a maior diminuição registada no conjunto da carteira do
FEFSS. Mesmo assim, o investimento em dívida pública nacional representava 42%
do total. Incluindo as aplicações em CEDIC e Bilhetes do Tesouro, o FEFSS tinha
50,7% dos seus activos aplicados em dívida do Estado português.
PORMENORES
ESTALEIROS DE
VIANA
Das três
propostas para a compra dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, apenas duas
foram aceites: a russa e a brasileira. A norueguesa foi excluída.
DÍVIDAS DE 38
M À CP
A Defesa terá
de pagar uma dívida de 38 milhões de euros à CP para iniciar depois um novo
acordo que permita descontos aos militares.
FMI NÃO IMPÕE
REFORMA
Aguiar-Branco
garantiu ontem que o Fundo Monetário Internacional não impôs nenhuma
reestruturação nas Forças Armadas. O que houve foram reuniões para uma gestão
mais eficiente.
CRISE ANTECIPA
BANCARROTA A PARTIR DE 2020
A crise
económica e financeira ameaça colocar a Segurança Social em bancarrota a partir
de 2020, dez anos antes do previsto no ano passado. O Orçamento do Estado para
2013 deixa claro que, em 2020, o saldo da Segurança Social será negativo em 344
milhões de euros. Daí que seja necessário recorrer aos dinheiro do fundo de
estabilização.
Correio Manhã 6 Novembro 2012
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