Conselho da
Magistratura abre processo disciplinar ao juiz Eurico Reis: O processo tem por
base declarações do desembargador em que explicava o desaparecimento de um
processo em que era o queixoso. Presidente da Relação apresentou queixa na
sequência da entrevista que o juiz deu ao i sobre processo desaparecido
O Conselho Superior da
Magistratura (CSM) decidiu abrir um processo disciplinar ao juiz desembargador
Eurico Reis. A decisão foi tomada depois de Vaz das Neves, o juiz presidente do
Tribunal da Relação de Lisboa, ter apresentado uma queixa contra o juiz. Na
base da queixa terá estado uma entrevista que Eurico Reis dera dias antes ao i,
a explicar as circunstâncias do desaparecimento de um processo em que é
queixoso do Tribunal da Relação onde trabalha. Nessa entrevista, publicada a 7
de Junho, o desembargador afirmava estar convencido que o desaparecimento do
processo – que interpôs contra a CP e a REFER depois de o pai ser colhido por
um comboio na estação de Queluz-Belas -, não tinha sido um acidente e não
poderia "fugir" da Relação de Lisboa sem "uma grande
conivência" de alguém de dentro. Acrescentava ainda que, dadas as
condições de segurança do tribunal, não podia garantir que outro
desaparecimento não ocorresse. E que estava a pagar por "falar de
mais" e ser "uma persona non grata". De acordo com informações
recolhidas pelo i, o órgão de disciplina dos juizes decidiu na reunião de 19 de
Junho abrir um processo disciplinar ao juiz por as suas declarações terem
alegadamente ofendido os visados. Contactado pelo i, Eurico Reis não quis
prestar declarações, limitando-se a dizer que "os processos disciplinares
são secretos até à sua decisão". O í também tentou contactar o juiz Vaz
das Neves, mas sem êxito.
O CSM tem três
possibilidades perante uma queixa apresentada contra um juiz: além da abertura
imediata de processo, o órgão poderia ter decidido arquivar ou instaurar
inquérito.
O DESAPARECIMENTO
Dois caixotes, com cinco volumes de papelada e cassetes com a gravação do julgamento de primeira instância desapareceram do Tribunal da Relação de Lisboa no final do ano. Eurico Reis, juiz naquele tribunal e queixoso – a par da irmã e da madrasta – terá sido informado sobre o sumiço apenas dois meses depois. O processo movido contra a CP e a REFER depois de o pai ter morrido, colhido por um comboio enquanto atravessava a passagem de peões, em 1994, arrasta-se nos tribunais há 18 anos. Em Fevereiro de 2011, as empresas foram condenadas em primeira instância ao pagamento de mais de 155 mil euros à família do juiz, mas recorreram da decisão para a Relação, de onde o processo desapareceu, antes de ser passado ao segundo juiz adjunto.
Dois caixotes, com cinco volumes de papelada e cassetes com a gravação do julgamento de primeira instância desapareceram do Tribunal da Relação de Lisboa no final do ano. Eurico Reis, juiz naquele tribunal e queixoso – a par da irmã e da madrasta – terá sido informado sobre o sumiço apenas dois meses depois. O processo movido contra a CP e a REFER depois de o pai ter morrido, colhido por um comboio enquanto atravessava a passagem de peões, em 1994, arrasta-se nos tribunais há 18 anos. Em Fevereiro de 2011, as empresas foram condenadas em primeira instância ao pagamento de mais de 155 mil euros à família do juiz, mas recorreram da decisão para a Relação, de onde o processo desapareceu, antes de ser passado ao segundo juiz adjunto.
Como as empresas
públicas dizem agora não ter as gravações do julgamento, o tribunal da Relação
de Lisboa decidiu em Maio que o processo deve baixar novamente à
primeira instância para ser reformado. A decisão de um juiz relator
levanta o risco de tudo voltar à estaca zero e de o julgamento ter de ser
repetido.
Sílvia
Caneco
ionline de 04-07-2012
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