ULTRAMAR MOVIMENTO APONTA PARA CASOS DRAMÁTICOS EM LISBOA E NO PORTO
Vivem na rua 600 ex-combatentes
Movimento Cívico de Antigos Combatentes está a fazer um levantamento exaustivo para saber quantos ex-militares do Ultramar vivem na miséria
FRANCISCO GOMES
Existem entre 400 a 600 sem-abrigo nas cidades de Lisboa e do Porto que foram militares no Ultramar e 1750 combatentes mortos cujas campas estão abandonadas e em risco de serem vandalizadas nas ex-colónias” denuncia Joaquim Coelho, que foi eleito, em finais do mês de junho, presidente da direção Movimento Cívico de Antigos Combatentes. A nova associação de ex-combatentes foi apresentada nas Caldas da Rainha, mas tem a sua sede em Vila Nova de Gaia. Apresenta como grandes objetivos da sua atividade “dignificar os vivos e resgatar os mortos” “A primeira iniciativa desta nossa associação é tentar agora saber ao certo quantos sem-abrigo vivem em grandes dificuldades no País e andam amargurados pelas ruas” revelou, referindo que um grupo de voluntários tem andado a fazer um levantamento no Porto e em Lisboa. “Embora haja associações que dão apoio aos sem-abrigo em geral, estamos preocupados com ex-combatentes nesta situação” alertou o líder.
O movimento procura também que sejam tomadas medidas rápidas para resgatar para Portugal os restos mortais dos combatentes que ficaram em África. Assumindo a discordância com a Liga dos Combatentes, acusa esta instituição de “ter verbas do Ministério da Defesa para tratar do assunto e limita-se a exumar as campas abandonadas no interior do território e a trazê-las para as cidades, quando devia trasladar para Portugal os restos mortais existentes em campas devidamente identificadas e entregá-los às famílias”. A nova associação fala em “abandono dos cemitérios e destruição dos mármores das campas em Angola; e tráfico de ossadas em Moçambique”. “Se não houver uma ação urgente, daqui a pouco não haverá nada para resgatar” lamenta Joaquim Coelho, que pretende que a Assembleia da República peça contas à Liga dos Combatentes.
“Liga faz esforço hercúleo para trazer corpos*
O presidente da Liga dos Combatentes, general Chito Rodrigues, rejeita as críticas e assegura que tem sido feito “um esforço hercúleo para transladar os corpos e dignificar os cemitérios onde estão militares portugueses” “A liga já transladou para Portugal todos os corpos pedidos pelas famílias, exceto dois de Angola. As verbas são significativas e temos meios reduzidos, mas conseguimos o apoio da TAP para transladação sem custos para as famílias “revela ao CM Chito Rodrigues.
PORMENORES
CAMPAS VANDALIZADAS
Um talhão com campas de ex-combatentes foi vandalizado no cemitério de Oeiras. As 36 sepulturas perderam um símbolo de cobre da Liga dos Combatentes.
STRESS PÓS-TRAUMÁTICO
Há 58 mil ex-combatentes que sofrem de stress pós-traumático, mas só 2000 são seguidos pelos serviços de saúde. A maioria não tem dinheiro para comprar os medicamentos, que podem custar 200 €/mês
Correio Manhã | Segunda, 08 Julho 2013
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