Ex-ministro chinês dos Caminhos de Ferro juntou mais de oito milhões de euros com subornos. Mas o mais provável é que ao fim dos dois anos de pena suspensa passe para prisão perpétua.
O ex-ministro chinês dos Caminhos de Ferro, que está preso desde Fevereiro de 2011 acusado de corrupção e abuso de poder, foi condenado à morte com pena suspensa de dois anos. Liu Zhijun, segundo explica a BBC, ao longo de 25 anos terá conseguido arrecadar cerca de 64 milhões de yuans, o que equivale a mais de oito milhões de euros.
O governante, que foi também membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, terá atribuído alguns contratos de exploração de linhas de caminhos-de-ferro a troco de subornos. Ocupava o cargo de ministro desde 2003, mas já antes tinha funções de governação nesta mesma área. Entretanto o ministério foi extinto.
O caso soube-se após algumas auditorias às contas governamentais e culimou nesta segunda-feira, em Pequim, com a decisão do tribunal. Liu Zhijun, de 60 anos, ficará também impedido de ter ligações a quaisquer funções políticas, e toda a sua propriedade privada será confiscada. O Beijing Times diz que tem 16 carros e mais de 350 casas.
Apesar disso, o mais provável é que nunca lhe venha a ser aplicada a pena de morte, já que tem sido comum que após o período de suspensão o condenado fique antes em prisão perpétua. A BBC refere também a possibilidade que, perante bom comportamento, venha a cumprir apenas dez anos. Uma situação que tem gerado reacções controversas nas redes sociais, com algumas pessoas a considerarem a justiça branda e outras a defenderem que a pena de morte é desproporcional.
Agora, com a decisão que transitou em julgado, Liu torna-se no primeiro político chinês de mais alto nível a ser condenado por corrupção desde que Xi Jinping assumiu a presidência do país, em Março – tendo como um dos principais compromissos precisamente a luta contra a corrupção, que nas suas palavras compromete o futuro dos comunistas.
Liu Zhijun foi expulso do Partido Comunista em 2011, depois de os escândalos relacionados com os subornos que começaram em 1986 terem vindo a público. O ex-ministro tinha também sido acusado concretamente de favorecer 11 pessoas com aumentos salariais ou atribuição indevida de contratos.
A descoberta do caso foi amplamente discutida na sociedade chinesa, que tem uma imagem muito positiva da sua rede ferroviária e que condenou o abuso dos dinheiros públicos. A própria televisão estatal da China mostrou imagens do ministro a ser interrogado de pé em pleno tribunal, Pequim. Apesar disso, os acidentes de comboio na China têm sido frequentes e em 2011 o ex-ministro já tinha sido acusado de negligência na sequência de um acidente que fez centenas de feridos e 40 mortos em Wenzhou.
Público, 8 de Julho de 2013
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