Público - 09/01/2013 - 17:35
Eurodeputado diz que OE 2013 é “bem menos
desequilibrado na repartição de sacrifícios” do que o do ano passado.
O
constitucionalista e eurodeputado pelo PS Vital Moreira diz não partilhar dos
argumentos que têm sido enunciados para defender a inconstitucionalidade do
Orçamento do Estado, e só considera “problemática” a questão da sobretaxa sobre
as pensões.
Em dois textos
publicados na terça-feira no seu blogue Causa Nossa, o eurodeputado e jurista
também considera “inaceitáveis” as declarações governamentais sobre as
“consequências catastróficas de um eventual chumbo do Orçamento” no Tribunal
Constitucional. Vital Moreira diz que estes comentários podem ser vistos como
uma “pressão, obviamente ilegítima (e além do mais ineficaz, se não
contraproducente)” sobre aquele tribunal.
O
constitucionalista diz esperar que, “desta vez, o Governo tenha feito o
trabalho de casa (o que não fez no ano passado) e tenha feito chegar
ao TC argumentos convincentes para defender a sua posição. Fora isso, deve
aguardar disciplinadamente o veredicto do Palácio Ratton”.
“Não
compartilho pessoalmente dos argumentos que têm sido enunciados para defender a
inconstitucionalidade” da proposta orçamental, escreve o eurodeputado, que
avisa que “é a inconstitucionalidade (e não a constitucionalidade) que é
preciso demonstrar de forma convincente, pois em caso de dúvida ela é dada como
‘não provada’”.
A única questão
que parece ser “constitucionalmente problemática”, diz Vital Moreira, é a da
sobretaxa das pensões – mas ainda assim não o suficiente para sustentar um
juízo de inconstitucionalidade. As pensões acima da média “beneficiam de uma
situação relativamente vantajosa”. Por um lado, os descontos que esses
trabalhadores fizeram “não dariam para cobrir” aquilo que recebem, e, por
outr,o “os reformados não correm o risco de ficar sem rendimentos,
por causa de despedimento”.
Os três argumentos
Os três argumentos
O eurodeputado
desmonta a questão das dúvidas sobre a inconstitucionalidade do documento
orçamental com três argumentos. Diz que o Orçamento deste ano “é bem menos
desequilibrado na repartição dos sacrifícios (entre sector público e privado e
entre rendimentos do trabalho e do capital) do que o do ano passado”.
Realça que “nem a redução dos escalões de IRS nem a sobretaxa uniforme sobre o
IRS alteram a progressividade do imposto (certamente menor do que antes, mas
ainda assim progressividade)”. E, por último, diz não o impressionar o
argumento do “’enorme aumento’ da carga fiscal”, até porque “a Constituição não
proíbe impostos elevados”.
Vital Moreira
reconhece que os funcionários públicos têm “um corte adicional dos rendimentos”
em relação aos trabalhadores do sector privado. Mas, defende o
constitucionalista, é “mais do que razoável” que “quem tem uma situação
comparativamente mais favorável (menor horário de trabalho, maiores
remunerações em média, mais segurança no emprego) e seja remunerado pelo Estado
seja chamado a contribuir mais para os encargos públicos em situações
excepcionais (e é disso que se trata!)”.
Daí que
considera que o “elo mais fraco” da actual crise não são os funcionários
públicos nem os reformados, mas antes os trabalhadores do sector privado que,
além de terem “salários relativamente mais baixos”, têm sofrido reduções nos
ordenados e enfrentam o “elevado risco de desemprego e de perda absoluta de
rendimentos”.
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