“A sociedade providência não poderá, afinal,
ser assistencialista, terá de garantir a cobertura justa dos riscos sociais”,
afirmou Guilherme d’Oliveira Martins, na sessão comemorativa do 11.º
aniversário da tomada de posse de Rui Rio como presidente da Câmara do Porto.
“A
República moderna terá de garantir hoje a justiça distributiva e a equidade na
partilha de recursos. Um Estado social modesto e sóbrio significa a prevalência
da justiça tributária, do respeito pelo contribuinte, da igualdade de
oportunidades e da correcção das desigualdades”, acrescentou.
O também
presidente do Centro Nacional de Cultura pautou o discurso com elogios ao
Porto, à sua capacidade impulsionadora e ao exemplo histórico que representa
para o País em crise e com necessidade de uma “melhor voz” na Europa.
A
economia deve orientar-se “para as pessoas e procurar “respostas complexas”,
defendeu ainda Guilherme d’Oliveira Martins.
O segredo
é “ligar a verdade e o rigor na prestação de contas à necessidade de encontrar
uma partilha justa e equilibrada da riqueza que se cria”, sem se confundir esta
repartição “com o crédito que se pede às gerações futuras”.
“Uma
economia para as pessoas tem de considerar o interesse e a dignidade, a
disciplina e a justiça – compreendendo-se que a educação, a ciência e a cultura
são marcas fundamentais e insubstituíveis de desenvolvimento humano”, frisou.
Daí que o
novo Estado social deva dar prioridade à “avaliação rigorosa da qualidade dos
serviços públicos de interesse geral, em especial nos domínios da educação, da
saúde e da segurança social”, justificou.
“A
coesão, a confiança e a convergência social obrigam a que a administração da
coisa pública seja orientada para a salvaguarda efectiva dos direitos e das
responsabilidades sociais”, defendeu.
Para o
presidente do TC, esta é uma das lições que é possível encontrar “nas origens e
no sucesso” do Porto.
“A crise
financeira ensina-nos hoje algo que tem a ver com as lições que encontramos nas
origens e no sucesso da cidade do Porto. Impõe-se compreender que a ciência
económica tem de ligar a liberdade individual, a eficiência e a justiça”,
explicou.
A outra
prende-se com a voz forte que o País deve ter na Europa.
“Querer
uma Europa mais forte é querer ter melhor voz nela – e dizer que, como o Porto
sempre simbolizou, temos de ter os nossos próprios projectos, as nossas
próprias ideias, afirmando que não podemos acomodar-nos e que temos de recusar
a mediocridade e a irrelevância”, esclareceu.
Portugal
tem de “continuar na primeira linha do projecto europeu”, mas Guilherme
d’Oliveira Martins alerta para a necessidade de sermos “muito exigentes”.
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