quinta-feira, 8 de março de 2012

Face Oculta. Sócrates, Jorge Coelho e Mário Lino estavam na lista de prendas de Manuel Godinho

Por Agência Lusa, publicado em 8 Mar 2012 - 20:31 | Actualizado há 1 hora 43 minutos
SócratesA famosa lista de prendas de Manuel Godinho, principal arguido no processo "Face Oculta", incluía os nomes de várias figuras de topo do PS como Sócrates, Jorge Coelho e Mário Lino, que terão sido indicados pelo empresário de sucatas.
A informação foi avançada pelo ex-braço direito de Manuel Godinho, Namércio Cunha, coarguido no processo, que voltou hoje a depor no tribunal de Aveiro para prestar esclarecimentos sobre a lista de prendas elaborada por si.
Questionado sobre a importância que tinham José Sócrates, Jorge Coelho e Mário Lino para o grupo empresarial de Manuel Godinho, Namércio disse que não sabia responder e que essas pessoas tinham sido indicadas pelo empresário de Ovar.
Nestes casos, adiantou o arguido, as prendas eram deixadas no gabinete de Manuel Godinho, que depois as faria chegar ao seu destino.
Durante várias horas, juízes, procurador do Ministério Público, advogados e Namércio Cunha debruçaram-se sobre o ficheiro informático da sua autoria, com os nomes dos destinatários e as suas categorias, que iam de "AAAA" a "G", e as prendas oferecidas entre 2002 e 2008, assim como os respetivos valores.
O advogado João Folque, que defende o arguido Carlos Vasconcellos, questionou a metodologia utilizada na elaboração das listas, chamando a atenção para algumas divergências entre as categorias de algumas pessoas e os valores das prendas que recebiam.
Como exemplo, o causídico apontou os casos do presidente da Refer, Luís Pardal (classificado com "AA"), e do então presidente da REN, José Penedos (classificado com "AAAA") que, em 2006, receberam, respetivamente, uma árvore de Natal de 547 euros e um cantil português, de metade do valor.
"Isto é o mesmo que dar a um general de quatro estrelas menos do que se dá a um general de duas estrelas", comentou João Folque, classificando esta matéria como "nebulosa".
Namércio explicou que a questão da categorização "não tinha qualquer rigor científico", admitindo que em alguns casos o valor da prenda não corresponde à categoria.
O arguido explicou ainda que via esta lista de presentes como "uma forma de agradecer a colaboração prestada à pessoa que a indicou, ou por alguma questão formal, pelo cargo que ocupava", afirmando que não associava as prendas a nenhum favor por algo dado em troca.
"As prendas estão de acordo com a utilidade e a importância da pessoa para a empresa. Se eram bem intencionadas ou mal intencionadas não sei dizer. Têm de ser as pessoas que indicavam os nomes a explicar", adiantou.
O julgamento prossegue na próxima terça-feira. Para a próxima semana, o coletivo de juízes tem agendadas mais três sessões com a audição de nove testemunhas de acusação.

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