11/12/2012
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A procuradora-geral adjunta disse estar mais preocupada com
"grande criminalidade" do que com "pequena corrupção"
A
directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP),
Cândida Almeida, deixou ontem um alerta: "Já detecto um aumento da grande
fraude fiscal, da fraude qualificada e de alguns crimes como a burla". A
também procuradora-geral adjunta disse ainda acreditar que a crise é uma
"grande oportunidade" para diminuir a corrupção nas empresas.
Cândida
Almeida, que falava no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, no lançamento
de um site sobre
transparência, admitiu estar mais preocupada com a "grande
criminalidade" do que com a "pequena corrupção", uma vez que,
para a procuradora adjunta, essa está relacionada com "uma posição de
carácter e a pessoa que é séria não se venderá mesmo com dificuldades
económicas".
Contudo,
em relação à "grande fraude fiscal", a directora do DCIAP deixou uma
certeza: "Há corrupção em Portugal, como há em qualquer país, porque o
poder corrompe, mas, na amostra que há, faltam crimes como a burla ou a fraude
fiscal, e essa temos muita." Cândida Almeida defendeu que a "grande
criminalidade pode integrar um conceito de corrupção abrangente e onde, aí sim,
[o crescimento] é significativo".
Para a
directora do DCIAP, a crise é uma "grande oportunidade para diminuir a
corrupção nas empresas e na administração pública". Cândida Almeida
explicou: "Para haver corrupção, tem de haver corruptores, que normalmente
vêm da sociedade civil, das empresas, dos particulares, e, aí, a crise deveria
ser uma oportunidade para as empresas diminuírem, em grande escala,
comportamentos" susceptíveis de fomentarem a corrupção.
Uma
ideia partilhada pela procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques
Vidal, que apelou à "tolerância zero" para casos de corrupção.
"Temos de dizer um "não" [à corrupção], e esse "não"
tem de ter o apoio empenhado de todos os sectores", sublinhou. A PGR
vincou que "a corrupção tem efeitos nocivos e é altamente lesiva dos
próprios valores da democracia" e, por isso, salientou que "a luta
contra a corrupção é também muito importante para o desenvolvimento económico,
já que ela corrói o direito à livre concorrência".
Projecto
"inovador"
O CCB
recebeu ontem a apresentação pública do siteGestãoTransparente.org
- Guia Prático de Gestão de Riscos de Corrupção nas Organizações. O
projecto integra um simulador onlinee
gratuito, que permite a pequenas e médias empresas que queiram
internacionalizar-se avaliar os níveis de risco de exposição à corrupção.
Gualter
Crisóstomo, director da empresa Inteli, que desenvolveu a ferramenta, afirmou
ao PÚBLICO que a maior vantagem é "ter um português acessível para que
todos saibam o que está em causa". Crisóstomo salientou que, "em
menos de dois minutos, é respondido um questionário que permite aferir o nível
de risco mediante o negócio em causa" e ainda "é prescrito um
conjunto de instrumentos para ajudar a empresa" a baixar o risco de
corrupção.
O
projecto Gestão Transparente,
elogiado por Cândida Almeida e Joana Marques Vidal, assume-se como uma
"mais-valia inovadora" com o objectivo de "promover a partilha
de valores de integridade, transparência e responsabilidade" nas empresas.
A iniciativa teve, segundo Gualter Crisóstomo, um custo total de dez mil euros
e contou com o apoio do Conselho de Prevenção da Corrupção, do DCIAP e da
Universidade do Minho.
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