As
contas são dos sindicalistas. Nos últimos três anos, o número de
pessoas baixou de 2500 para 1200. Em finais de 2014, o número de
efectivos pode estar ao nível do de 1996. Na PJ vive-se “uma morte
lenta”. Quem o diz é a Associação Sindical dos Funcionários de
Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ), cujo
líder deixou nesta quinta-feira um alerta para o esvaziamento dos
quadros. Carlos Garcia diz, em declarações à Lusa, que “não tem
entrado ninguém” na polícia de investigação “nos últimos
três anos” o que terá consequências na actividade da PJ.
“A
PJ tinha cerca de 2500 efectivos na investigação criminal e tem
agora 1200. Já alertámos para a enorme falta de meios humanos na
PJ, sobretudo de investigadores, mas tem existido desde 2010 –
ainda no anterior Governo -, a impossibilidade de novas
contratações”, afirma Garcia.
E
o horizonte a curto prazo não parece ser melhor porque, nos próximos
três anos, 42 por cento dos actuais inspectores-chefes e 50 por
cento dos actuais coordenadores e coordenadores-superiores atingirão
a reforma, e terão de ser substituídos.
Estas
questões seriam tema de conversa numa reunião com a ministra da
Justiça que estava prevista para a última terça-feira, mas que
acabou por ser adiada, pela segunda vez. Carlos Garcia argumenta que
Paula Teixeira da Cruz “não tem nada para dar” à PJ, e estranha
que, pelo contrário, a ministra “dê uma atenção
surpreendentemente especial à segurança pública”.
“Dramático
e sintomático do tratamento dado à PJ é, também, sabermos que,
mesmo com a entrada de 80 inspectores estagiários, vamos chegar a
finais de 2014 com o mesmo efectivo de 1996″, sublinha.
O
concurso para estagiários foi aberto em 2010 e previa 100 vagas.
Porém, só foram aprovados 80 candidatos e, face ao atraso na
admissão, a ASFIC/PJ acredita que nem todos os admitidos vão
comparecer no momento da chamada. “Quando o curso começar, já não
vão apresentar-se os 80 candidatos aprovados, mas muito menos, pois
muitos deles, após um ano de sucessivos adiamentos e expectativas
defraudadas, já resolveram a vida emigrando ou assegurando outros
empregos”, sustenta Carlos Garcia.
Outra
questão que preocupa este representante é o facto de a proposta de
Orçamento do Estado do próximo ano não contemplar “a valorização
dos suplementos de piquete e prevenção”. Face a este conjunto de
problemas, a ASFIC/PJ quer definir um “plano de luta”, estando
ainda por decidir se irá participar na greve geral convocada pela
CGTP para 14 de Novembro.
Público
Última Hora ,
25 Outubro 2012
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