quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PJ vive “uma morte lenta” com perda de pessoal na investigação criminal


As contas são dos sindicalistas. Nos últimos três anos, o número de pessoas baixou de 2500 para 1200. Em finais de 2014, o número de efectivos pode estar ao nível do de 1996. Na PJ vive-se “uma morte lenta”. Quem o diz é a Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ), cujo líder deixou nesta quinta-feira um alerta para o esvaziamento dos quadros. Carlos Garcia diz, em declarações à Lusa, que “não tem entrado ninguém” na polícia de investigação “nos últimos três anos” o que terá consequências na actividade da PJ.
A PJ tinha cerca de 2500 efectivos na investigação criminal e tem agora 1200. Já alertámos para a enorme falta de meios humanos na PJ, sobretudo de investigadores, mas tem existido desde 2010 – ainda no anterior Governo -, a impossibilidade de novas contratações”, afirma Garcia.
E o horizonte a curto prazo não parece ser melhor porque, nos próximos três anos, 42 por cento dos actuais inspectores-chefes e 50 por cento dos actuais coordenadores e coordenadores-superiores atingirão a reforma, e terão de ser substituídos.
Estas questões seriam tema de conversa numa reunião com a ministra da Justiça que estava prevista para a última terça-feira, mas que acabou por ser adiada, pela segunda vez. Carlos Garcia argumenta que Paula Teixeira da Cruz “não tem nada para dar” à PJ, e estranha que, pelo contrário, a ministra “dê uma atenção surpreendentemente especial à segurança pública”.
Dramático e sintomático do tratamento dado à PJ é, também, sabermos que, mesmo com a entrada de 80 inspectores estagiários, vamos chegar a finais de 2014 com o mesmo efectivo de 1996″, sublinha.
O concurso para estagiários foi aberto em 2010 e previa 100 vagas. Porém, só foram aprovados 80 candidatos e, face ao atraso na admissão, a ASFIC/PJ acredita que nem todos os admitidos vão comparecer no momento da chamada. “Quando o curso começar, já não vão apresentar-se os 80 candidatos aprovados, mas muito menos, pois muitos deles, após um ano de sucessivos adiamentos e expectativas defraudadas, já resolveram a vida emigrando ou assegurando outros empregos”, sustenta Carlos Garcia.
Outra questão que preocupa este representante é o facto de a proposta de Orçamento do Estado do próximo ano não contemplar “a valorização dos suplementos de piquete e prevenção”. Face a este conjunto de problemas, a ASFIC/PJ quer definir um “plano de luta”, estando ainda por decidir se irá participar na greve geral convocada pela CGTP para 14 de Novembro.
Público Última Hora , 25 Outubro 2012


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