Os Jogos
Olímpicos estiveram associados, desde a sua criação – que, segundo se crê,
remonta a 776 antes de Cristo –, a duas ideias basilares: a superação dos
limites humanos, com aproximação à capacidade dos deuses, e a trégua, com
competição pacífica, entre Estados rivais. Em finais do século XIX, os Jogos
Olímpicos da era moderna retomaram esta boa tradição. O Barão Pierre de
Coubertin, principal impulsionador do Comité Olímpico Internacional, teve um papel
determinante na implantação da cultura de desportivismo moderna.
Porém,
vários Jogos foram manchados por incidentes, boicotes e atentados,
comprovando-se que o desporto é permeável à política e até funciona como seu
barómetro. Nos Jogos de 1936, em Berlim, Hitler quis demonstrar a superioridade
da ‘raça ariana’ e não escondeu a azia perante a vitória de Jesse Owens.
Durante décadas, as olimpíadas serviram de palco privilegiado à guerra fria.
Nos Jogos de 1972, em Munique, o terrorismo estreou-se com o assassínio de onze
atletas israelitas. Moscovo (1980) e Los Angeles (1984) sofreram boicotes
políticos.
Em termos
políticos, o que se tem tornado mais visível nos últimos Jogos, com Londres a
confirmar o que já entrevíramos em Pequim, é a tendência para a subida dos
BRICS – em especial, da China – no ranking das medalhas, por troca com alguns
países do antigo bloco de Leste. O crescimento económico revela-se uma chave
para o sucesso desportivo. A confirmar-se esta tendência, Brasil, África do Sul
e Índia converter-se-ão, num futuro próximo, em grandes potências olímpicas e a
Rússia deverá recuperar algum do terreno perdido desde a queda do muro.
E Portugal?
Estreámo-nos, em 1924, com uma medalha na equitação e picámos o ponto na
esgrima, na vela, no tiro e, mais recentemente, no judo, no triatlo e no
ciclismo. O nosso ponto forte já foi o atletismo, em que atingimos o ouro por
quatro vezes, graças a alguns atletas e treinadores de excepção. De Londres
chegam na melhor hora os brilhantes resultados na canoagem. Mas, no fim, o mais
importante será aproveitar os Jogos Olímpicos para compreender o que tem
corrido melhor e o que tem falhado no nosso desporto, desde a escola até à alta
competição.
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