TUDO MENOS ECONOMIA perguntarão alguns? Não será um paradoxo ou, em estilo literário, um quase oxímoro? Não é a Economia, por definição, avassaladoramente tudo, pelo que o seu complemento se reduz a um conjunto tendencialmente vazio? Não significa, consequentemente, TUDO MENOS … TUDO? Tal qual, como dizer – em Luis de Camões – um contentamento descontente? Ou um silêncio ensurdecedor? Ou um eterno instante? Ou uma lúcida loucura? Ou uma obscura claridade? Ou um ilustre desconhecido? Ou um regresso ao futuro.
TUDO MENOS ECONOMIA é um título desafiante que nos indica, afinal, o óbvio (tantas vezes ignorado): que o TUDO está em nós. Ou seja, no todo: as pessoas. Certamente não ignorando a economia, mas apenas como sendo parte na parte. Se possível, com a eloquência da dúvida.
TUDO MENOS ECONOMIA não significa necessariamente MENOS ECONOMIA EM TUDO. Por isso, às vezes é preciso falar de Economia em parte de tudo que não é economia.
Posso falar de botânica e deliciar-me com a economia que subjaz à combinação de recursos escassos na fotossíntese. Ou olhar o jogo de futebol a pensar no efeito colateral de um lateral esquerdo ou direito. Ou exprimir a ideia da diferença, através da notável imagem do poliedro dada pelo Papa Francisco como “a união de todas as parcialidades, que, na unidade, mantém a originalidade das parcialidades individuais”.
Em síntese: falar de TUDO MENOS ECONOMIA é tentar fazer um exercício para vislumbrar a árvore isolada ou para ter uma visão holística da floresta, para ligar o tudo do todo com as partes e para encontrar o outro na expressão mais ecléctica do sentido da Vida.
Ah, já agora: a Economia também precisa de silêncio. Tal como eu, que também exijo o meu direito ao silêncio.
António Bagão Félix
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