O Partido Socialista (PS) acusou o
Governo de fazer dos funcionários públicos o “grande bode expiatório” da consolidação
orçamental e de não lutar nas instâncias europeias pelas condições que outros
países estão a conseguir.
O deputado socialista Pedro Marques
disse, em declarações à Lusa, que o “ciclo de espiral recessiva” em que entrou
o país “tem de ser interrompido”, sublinhando que “a lógica” do Governo é
adoptar medidas de austeridade, que provocam e aprofundam a recessão e a perda
de receitas fiscais e têm como resultado o descontrolo do défice, seguindo-se
sempre mais medidas de austeridade com resposta.
Pedro Marques falava à Lusa a
propósito de uma notícia do jornal Público de hoje segundo a qual o Governo tem
já preparado um plano B caso as contas públicas derrapem em 2013, prevendo,
entre outras coisas, novo corte salarial para os funcionários públicos.
Para o deputado socialista, perante
as sucessivas derrapagens das contas e do défice, o Governo “carrega outra vez
nos funcionários públicos”.
“Isto não tem fim. Os funcionários
públicos não devem ser o bode expiatório do processo de consolidação
orçamental”, afirmou, sublinhando que os trabalhadores do Estado “não são o
único, mas são o grande bode expiatório para este Governo”.
“É preciso parar com a espiral
recessiva e dar mais tempo ao processo de consolidação e lutar nas instâncias
europeias”, acrescentou Pedro Marques, referindo notícias hoje conhecidas que
dão conta de que estados-membros da União Europeia, como a Espanha, terão mais
tempo para cumprir as metas do défice.
Segundo Pedro Marques, “Portugal
parece que é o único país que não luta por mais tempo”, criticando a postura do
Governo de querer ser apenas “bom aluno”.
O deputado socialista referiu ainda
que também o Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos credores de Portugal,
já defendeu que caso haja um desvio nas contas irlandesas, outro país sob
intervenção estrangeira, não deve haver mais medidas de austeridade para
“deixar a economia estabilizar e crescer”, considerando Pedro Marques que o
Governo português devia conseguir o mesmo tipo de tratamento.
Jornal de Negócios, 23-12-2012
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