O Supremo Tribunal do Iowa, nos
EUA, considerou legal o despedimento de uma funcionária porque o patrão se
sentia atraído fisicamente por ela. Aparentemente, usava roupa "demasiado
justa" que o "distraía" e "ameaçava" destruir o
casamento do empregador.
Melissa Nelson, de 32 anos,
trabalhou 10 anos no consultório de James Knight, de 53 anos. A mulher do
dentista, também colega de trabalho de ambos, sentiu que patrão e empregada se
davam tão bem que um dia a tentação podia bater à porta. Vai daí, pediu ao
marido que despedisse a empregada.
James consultou o pastor da
igreja protestante que frequenta, que o aconselhou a avançar com o
despedimento. O dentista não foi o cavaleiro que carrega no apelido,
"Knight", mas foi além da letra da lei nos EUA, país em que o
despedimento é livre, pagando um mês de indemnização.
O caso chegou ao Supremo
Tribunal do Iowa, que se colocou perante um paradigma. "A questão que
temos de responder é... pode um empregada que não está envolvida em conduta
provocatória ser despedida se o patrão a vê como irresistivelmente
atraente", questionou o juiz Edward M. Mansfield.
Pode não ser justo, mas não
constitui descriminação, segundo o Código dos Direitos Civis do Iowa,
determinou o tribunal, composto por sete homens.
"Estamos incrédulos com a
decisão do tribunal e a incapacidade que demonstrou para entender a
discriminação de género", disse Paige Fiedler, advogada de Melissa Nelson.
"Para os sete homens do Supremo Tribunal 'não a conseguir' é chocante e
devastador", acrescentou, em declarações à CNN.
Em declarações àquele canal de
televisão norte-americano, Melissa Nelson diz que "o despedimento foi
injusto" e que tinha uma relação "paternal" com James.
"Dava-me com a família dele", explicou.
O caso remonta a 2009, quanto
terminaram os 10 anos de relação laboral, iniciados em 1999, num consultório em
Fort Dodge, no Iowa. Já perto do fim do vínculo de trabalho, James disse a
Melissa que esta usava roupas muito justas, que "o distraíam".
Melissa negou, mas, a
determinada altura, lê-se no processo, o patrão disse que se a empregada
"reparasse numa protuberância nas calças dele era porque a roupa dela era
demasiado reveladora".
Em circunstâncias que nenhum
explicou, nem negou, começaram a trocar SMS fora do local de trabalho, já
durante os últimos seis meses de relação laboral, em 2009. A mulher de James
descobriu e exigiu que o marido despedisse a empregada.
No início de 2010, James Knight
avançou com o despedimento. Indemnizou com um mês de salário a empregada e
asseverou ao marido de Melissa que ela não fez nada de errado e que "foi a
melhor assistente" que alguma vez teve.
Melissa entrou com um processo
em tribunal, acusando Knight de discriminação de género. O patrão justificou o
despedimento com "a natureza da relação entre ambos e com a percepção de
que constituía uma ameaça" ao seu casamento, não por causa do género.
Tanto mais que só emprega mulheres e contratou outra para a substituir.
Jornal de Notícias, 24-12-2012
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