Por Fabíola Maciel
Comissão
de trabalhadores da televisão pública querem inquérito à "eventual
violação" de interesses dos cidadãos"
Camilo Azevedo, da CT, disse ao PÚBLICO esperar que "o Ministério Público abra um inquérito" sobre a implantação da TDT. O porta-voz afirmou que é função dos "trabalhadores do serviço público zelar pelos interesses dos cidadãos".
Neste sentido, em Janeiro, os trabalhadores da RTP forneceram ao Ministério Público vários documentos com informações sobre o processo. Contudo, dez meses depois não há qualquer desenvolvimento, pelo que decidiram entregar mais documentos.
"Poupar-se-á tempo e dinheiro dos contribuintes, bem como os prejuízos resultantes de um processo incorrecto de introdução da TDT em Portugal, se a participação não tiver ficado na gaveta", diz a CT.
Na semana passada, os trabalhadores da RTP acusaram a empresa de televisão pública de ter "sido cúmplice dos ganhos indevidos que acumulam os operadores da televisão por cabo" no processo de apagamento do sinal analógico e passagem para a TDT.
O momento de entrega de documentos aconteceu na sequência da apresentação da apresentação da tese de doutoramento de Sergio Denicoli sobre "a implementação da televisão digital terrestre em Portugal", em que o investigador concluiu que "a Anacom favoreceu a Portugal Telecom".
Voto de louvor a tese polémica
A tese foi ontem publicada na Internet pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (UM), que também atribuiu um voto de louvor a Denicoli pela obtenção do grau de doutoramento. A investigação criou uma onda de solidariedade entre académicos e cidadãos, e na Internet circula uma petição intitulada "Pela liberdade de investigação académica", que conta com mais de seis mil subscritores.
Em resposta às declarações de Denicoli sobre a existência de "indícios de corrupção" no processo, a Portugal Telecom anunciou ir levar o caso a tribunal. Uma posição que o presidente, Zeinal Bava, reforçou na quarta-feira: "Não há processo de corrupção nenhum, há uma tese de alguém que faz acusações e agora vamos deixar que o tribunal apure o que levou essa pessoa a dizer coisas muito graves e que atentam contra a honra da PT."
Em contraponto, o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da UM disse ontem que se trata de "ameaças públicas" e manifestou "solidariedade e alerta para o condicionamento que estas práticas podem representar para a investigação científica", bem como "total apoio" à petição.
Público | 2012.11.09
Sem comentários:
Enviar um comentário