sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Trabalhadores da RTP pedem investigação à Procuradoria-Geral da República sobre TDT


Televisão digital terrestre

Por Fabíola Maciel
Comissão de trabalhadores da televisão pública querem inquérito à "eventual violação" de interesses dos cidadãos"

A comissão de trabalhadores (CT) da RTP entregou ontem uma carta e alguns documentos à Procuradoria-Geral da República a pedir esclarecimentos sobre a "eventual violação de interesses difusos dos cidadãos" no processo de introdução da televisão digital terrestre (TDT).

Camilo Azevedo, da CT, disse ao PÚBLICO esperar que "o Ministério Público abra um inquérito" sobre a implantação da TDT. O porta-voz afirmou que é função dos "trabalhadores do
 serviço público zelar pelos interesses dos cidadãos". 

Neste sentido, em Janeiro, os trabalhadores da RTP forneceram ao Ministério Público vários documentos com informações sobre o processo. Contudo, dez meses depois não há qualquer desenvolvimento, pelo que decidiram entregar mais documentos.
 

"Poupar-se-á tempo e dinheiro dos contribuintes, bem como os prejuízos resultantes de um processo incorrecto de introdução da TDT em Portugal, se a participação não tiver ficado na gaveta", diz a CT.

Na semana passada, os trabalhadores da RTP acusaram a empresa de televisão pública de ter "sido cúmplice dos ganhos indevidos que acumulam os operadores da televisão por cabo" no processo de apagamento do sinal analógico e passagem para a TDT.
 

O momento de entrega de documentos aconteceu na sequência da apresentação da apresentação da tese de doutoramento de Sergio Denicoli sobre "a implementação da televisão digital terrestre em Portugal", em que o investigador concluiu que "a Anacom favoreceu a Portugal Telecom".
 

Voto de louvor a tese polémica
A tese foi ontem publicada na Internet pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (UM), que também atribuiu um voto de louvor a Denicoli pela obtenção do grau de doutoramento. A investigação criou uma onda de solidariedade entre académicos e cidadãos, e na Internet circula uma petição intitulada "Pela liberdade de investigação académica", que conta com mais de seis mil subscritores.
 

Em resposta às declarações de Denicoli sobre a existência de "indícios de corrupção" no processo, a Portugal Telecom anunciou ir levar o caso a tribunal. Uma posição que o presidente, Zeinal Bava, reforçou na quarta-feira: "Não há processo de corrupção nenhum, há uma tese de alguém que faz acusações e agora vamos deixar que o tribunal apure o que levou essa pessoa a dizer coisas muito graves e que atentam contra a honra da PT."

Em contraponto, o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da UM disse ontem que se trata de "ameaças públicas" e manifestou "solidariedade e alerta para o condicionamento que estas práticas podem representar para a investigação científica", bem como "total apoio" à petição.
 


Público | 2012.11.09

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