A
degradação das condições financeiras está a fazer regressar filhos e netos à
casa de pais e avós, potenciando agressões
A degradação das condições de vida pode estar a potenciar o
crescimento de actos de violência contra os idosos. No ano passado, de acordo
com a Associação de Apoio à Vítima (APAV), foram contabilizados 749 processos
instaurados a pessoas que praticaram actos violentos contra idosos, o que
representou um acréscimo de 23% face a 2010. Hoje é dia mundial de combate à
violência contra idosos.
“É um facto que a crise, a deterioração das condições
financeiras das famílias, pode potenciar a ocorrência de situações de violência
contra idosos”, diz ao PÚBLICO a assessora da direcção da APAV, Maria de
Oliveira, lembrando que actualmente muitos filhos e netos, devido às
dificuldades que atravessam, estão a regressar à casa dos pais e avós.
Um levantamento da APAV agora divulgado diz que, entre 2000 e
2011, os actos de violência contra idosos aumentaram 158%, um total de 6240
casos em 11 anos. “Esse aumento pode ser, também, uma consequência do modo como
as pessoas planeiam a velhice”, acrescenta Maria de Oliveira, lembrando que “as
pessoas preocupam-se mais em fazer planos de poupança-reforma do que em
cultivar relações de qualidade com familiares e vizinhos”.
O estudo da APAV refere que em 78% das situações detectadas em
2011 foram as mulheres as vítimas. E foi entre os 65 e os 70 anos que se
contabililizaram mais casos (238, correspondendo a 31%). Os casos em que as
pessoas agredidas foram o pai ou a mãe correspondem a 36,4% do total, ou seja,
273 ocorrências. Agressões entre cônjuges foram 193.
Quanto aos autores das agressões, constatou-se que em 63% dos
casos (469 ocorrências) os mesmos eram homens. A maior parte dos agressores
(quase metade dos identificados) tem idades compreendidas entre os 45 e os 50
anos. Em 2011 houve duas mortes de idosos em consequência de agressões, havendo
ainda 51 casos referentes a diversas formas de ofensa à integridade física.
José Bento Amaro
Público 15-06-2012
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