quinta-feira, 14 de junho de 2012

Destruição de escutas vai ficar em segredo

Justiça: Juízes sem obrigação de revelar data
Destruição de escutas vai ficar em segredo
O colectivo de juízes que está a julgar o caso ‘Face Oculta’, no Tribunal de Aveiro, não é obrigado a revelar em que data serão destruídas as escutas que envolvem José Sócrates. E tudo indica que os magistrados não vão mesmo fazê-lo. Deverá apenas ser anexado um documento ao processo, que vai atestar esse procedimento, mas sem que os sujeitos processuais sejam avisados.
Em causa está a ordem de destruição das escutas dada pelo juiz-presidente Raul Cordeiro, há uma semana, cumprindo o despacho do Supremo Tribunal de Justiça. No início da sessão de julgamento, o magistrado afirmou que aquelas intercepções telefónicas – onde o Ministério Público encontrou indícios de um crime de atentado contra o Estado de Direito – seriam “destruídas oportunamente”. Porém, o colectivo de juízes não disse em que data se iria proceder à eliminação definitiva das chamadas e SMS que envolvem o ex-primeiro-ministro José Sócrates e Armando Vara. Assim, soube o CM, o dia da destruição deverá continuar a ser uma incógnita: os magistrados não são legalmente obrigados a informar os arguidos, advogados e assistentes acerca da data escolhida para cumprir as sucessivas ordens de destruição.
Na sessão de julgamento de ontem, no tribunal de Aveiro, foi ouvido um funcionário da REN, que prestou depoimento durante a tarde. Nas próximas semanas, serão chamadas a depor novas testemunhas, todas relacionadas com a empresa pública.
ORDEM DO JUIZ SEM DIREITO A RECURSO
O despacho do juiz-presidente Raul Cordeiro, proferido há uma semana, não permite recursos – tal como as sucessivas ordens de destruição das escutas dadas anteriormente. A eliminação definitiva do que ainda resta das escutas só foi adiada porque Paulo Penedos recorreu para o Tribunal Constitucional, alegando que a decisão irrecorrível do presidente do Supremo era inconstitucional. No entanto, o tribunal não lhe deu razão e o destino das escutas foi decidido em Aveiro.
Correio da Manhã 2012-06-13

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