Ali em baixo moram as manas Parreirinhas, tristes, embiocadas, muito sérias, que vão à missa todas de negro e mantilha, parecem um molho de galinhas pretas. Vivem da agulha e de recordações. Já tiveram de seu, agora não têm nada, senão que uma delas tem um «amigo», é um conselheiro de sobrecasaca e cartola, só fuma charuto, vem-na visitar de longe em longe. Deixa o trem fechado à espera. O menino até já o conhece: apeia-se da carruagem coupé, como quem não quer a coisa, e olha em torno a vizinhança, de revés, a espiar quem o espia.
- José Rodrigues Miguéis, A Escola do Paraíso (1960), Círculo de Leitores, p. 16.
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Um conselheiro à antiga...
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1 comentário:
Noutros tempos, os conselheiros tinham direito ao Paraíso, regalia que também foram perdendo.
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