“Hoje é dia de Carnaval/É o esplendor/(…) Vamos viver os desenganos por que passamos/Viver a alegria que sonhamos/durante o ano/(…) Mas depois a ilusão/Coitado/Negro volta ao humilde barracão”.
António Candeia Filho, que escreveu este “Dia de Graça”, era um negro nascido no samba, polícia de profissão, que foi baleado numa discussão de trânsito e ficou preso numa cadeira de rodas. Passou a dedicar-se completamente à música, até acabar a vida aos 43 anos. Candeia foi cometa na cultura brasileira, chamou à sua produtora Quilombo, foi inventor de samba enredo.
E como ele conhecia a sua gente: acabado o campeonato há uma semana, diria – negro voltou ao humilde barracão, com as suas feridas imensas, umas alemãs, outras holandesas, umas do futebol, outras de toda a sua vida arrastada.
Sem comentários:
Enviar um comentário