por Lusa, publicado por Ricardo Simões Ferreira
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, interrompeu hoje as férias para presidir à reunião do conselho de ministros, que acontece um dia depois da demissão do secretário de Estado do Tesouro.
O gabinete do primeiro-ministro não avançou nenhuma justificação para a interrupção das férias de Pedro Passos Coelho, que está no Algarve desde o fim-de-semana.
Na semana passada, o ministro da Presidência adiantou que durante as férias de Passos Coelho, o Governo seria presidido pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e que durante a primeira quinzena de agosto se realizaria pelo menos uma reunião do conselho de ministros.
Essa reunião, acrescentou ainda o ministro da Presidência, seria presidida por Paulo Portas.
Contudo, o primeiro-ministro optou por interromper as férias e está hoje a presidir à reunião do conselho de ministros.
O conselho de ministro de hoje decorre um dia depois do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, ter apresentado a demissão do cargo, na sequência da polémica que envolve o caso 'swap'.
Pais Jorge demite-se a pouco mais de um mês no cargo, tendo tomado posse a 2 de julho.
Numa declaração de uma página, enviada pelo ministério das Finanças, Joaquim Pais Jorge adiantou que aceitou o convite para o cargo "com muito orgulho", já que "a situação que o país atravessa é dificílima", considerando por isso ser "uma enorme honra em poder ajudar" um país que estava sob assistência financeira.
No entanto, apesar de saber que "desde o primeiro momento as dificuldades seriam imensas", Joaquim Pais Jorge disse que "perante a grandeza destes desafios" nunca pensou "que os maiores obstáculos emergissem do domínio estritamente pessoal".
"Enganei-me", sublinhou, acrescentando: "As notícias vindas a público nos últimos dias, em que uma apresentação com mais de oito anos foi falseada para que incluísse o meu nome, revelam um nível de atuação política que considero intolerável. A minha disponibilidade para servir o país sempre foi total".
No entanto, o secretário de Estado demissionário acrescentou não ter "grande tolerância para a baixeza que foi evidenciada".
Ainda na quarta-feira, o Ministério das Finanças defendeu em comunicado que o documento, divulgado pela SIC e pela Visão, que implica Joaquim Pais Jorge nos contratos "swap' foi manipulado, adiantando que há dois documentos diferentes.
O Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa anunciou também que vai abrir um inquérito para investigar eventual "ilícito criminal" na alegada manipulação do documento que liga Joaquim Pais Jorge ao caso 'swap'.
Ainda na quarta-feira, durante o jornal das 20:00, a SIC revelou que o documento que esteve na base da demissão do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, e que o Ministério das Finanças considerou forjado, teve origem na residência oficial do primeiro-ministro.
Já hoje, o gabinete do primeiro-ministro esclareceu que os documentos sobre "alegados encontros entre membros do anterior Governo e elementos de grupos financeiros" divulgados pela SIC e pela Visão não foram fornecidos pelo atual gabinete.
Na sexta-feira, Joaquim Pais Jorge tinha recusado responsabilidades na tentativa de venda pelo Citigroup ao Estado de "swaps' para baixar artificialmente o défice, e disse não se lembrar se esteve na apresentação da proposta.
No entanto, Pais Jorge confirmou na segunda-feira à SIC, por escrito, ter reunido com o gabinete de José Sócrates, enquanto diretor do Citigroup.
Na terça-feira de manhã, o secretário de Estado adjunto do ministro-adjunto, Pedro Lomba, admitia a existência de "inconsistências problemáticas" que o Governo ia "averiguar" relativamente a documentos referentes ao envolvimento do secretário de Estado do Tesouro na tentativa de venda de "swap' ao Executivo anterior.
Diário de Notícias, 8 Agosto 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário