Enquanto
na Europa os líderes europeus discursam sobre a implementação de medidas de
criação do emprego pouco concretas e de dimensão aparentemente reduzida, o FMI
decidiu dar a sua receita para Espanha, um dos campeões do desemprego na zona
euro: cortar de forma rápida e generalizada os salários.
A
sugestão (feita a um país que não está sujeito a um programa da troika igual
ao de Portugal, Grécia e Irlanda) surgiu na análise anual à economia espanhola
feita pelo Fundo. A entidade liderada por Christine Lagarde apela a que seja
feito um grande pacto entre sindicatos e empresários, em que os primeiros
aceitem que os trabalhadores reduzam os seus salários em 10% e os últimos se
comprometam a aproveitar a poupança obtida para baixar preços e criar emprego.
Para
além do corte dos salários, o FMI sugere ainda que o Estado colabore com uma
redução das contribuições para a segurança social de 1,7 pontos percentuais,
que apenas seria compensada em termos orçamentais dois anos mais tarde, com a
passagem de alguns bens da taxa de IVA reduzida para a normal. Esta última
medida é uma nova tentativa de reabilitar em Espanha, uma medida do tipo da do
corte da TSU tentada, sem sucesso político, em Portugal.
“Uma
resposta do emprego e a redução da inflação serão fundamentais para que o poder
de compra das famílias no seu conjunto não sofram”, afirma o FMI, que diz que
os valores dos cortes sugeridos são apresentados apenas a título “ilustrativo”.
Nesse cenário, acreditam os técnicos do Fundo, conseguir-se-ia um acréscimo de
cinco pontos na variação do PIB e de sete pontos no crescimento do emprego, no
prazo de cinco anos.
O
FMI avisa ainda que “este acordo deve complementar, não substituir, as reformas
estruturais” planeadas para a economia espanhola.
Público
on line, 2 de Agosto de 2013
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