Público - 27/04/2013
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Seguro, Rubalcaba e Désir firmam compromisso
de rigor orçamental com políticas de crescimento para dar fôlego à Europa
António José Seguro, secretário-geral do PS, Alfredo Perez
Rubalcaba, secretário-geral do PSOE, e Harlem Désir, primeiro-secretário do PS
francês, estiveram ontem reunidos no Largo do Rato, em Lisboa, para criticarem
"uma política de ajustes e de austeridade compulsiva" que assassina o
projecto europeu e que impede uma agenda de crescimento económico e de criação de
emprego.
Questionados pelo PÚBLICO se
pode estar em causa a permanência dos países do Sul na moeda única, sobretudo
daqueles que estão sob programas de assistência económico-financeira, Seguro
admitiu que o debate foi no sentido de discutir "o que fazer para salvar o
euro".
"A zona euro é, na sua
essência, apenas uma união monetária. E precisa de ter uma governação económica
e política e é esse compromisso de mudança que nós também aqui assumimos",
disse o líder do PS.
Rubalcaba descreveu
"uma tensão muito forte" e um "euro-temor" que está em
crescendo entre os países do Norte e do Sul da Europa e alertou para "uma
fractura social" no seio da Europa. O líder do PSOE deixou a interrogação:
"Quanto mais sofrimento é preciso para que se dêem conta de que esta
política está errada?". Com a barreira dos seis milhões de desempregados
ultrapassada em Espanha, criticou "uma política de direita que pode matar
o doente" e que parte a Europa em dois, pedindo a substituição do
"sofrimento pelo emprego". E ilustrou com o caso português, depois de
dois anos do programa da troika:
"Portugal cumpriu tudo o que a Europa lhe disse e está pior". Já
antes, o líder francês, Harlem Désir, defendera o "alargamento dos
calendários de ajustamento".
"O principal problema
das pessoas é o desemprego. O nosso compromisso é o de mudar a Europa, para que
ela coloque toda a sua força, a sua energia, os seus instrumentos, as suas
políticas, os seus tratados, em prol da criação de emprego", acrescentou o
anfitrião português. Seguro reiterou ainda a necessidade de aliar rigor
orçamental com crescimento económico e emprego e repudiou uma "ditadura da
austeridade".
"Este não é um combate
geográfico, é um combate político, é um combate ideológico, pelo futuro e pela
sobrevivência, não apenas da zona euro, mas da própria União Europeia",
afirmou.
Já o líder socialista
francês introduziu alguma nota de optimismo, ao mostrar-se confiante na
possibilidade de a União Europeia ser uma "grande potência" se
retomar o projecto fundador de "criação de riqueza, justiça social e
solidariedade". E pediu o auxílio dos mercados para uma crise que, disse,
foi criada pela desregulação do sistema bancário e financeiro. "Os
conservadores e os liberais tomaram políticas que fracassaram e não conseguiram
tirar a Europa da crise", disse Désir, que concluiu que "não pode
haver ilhéus de prosperidade num oceano de desemprego e de pobreza".
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