sábado, 27 de abril de 2013

Cortes da despesa prometidos à troika serão aprovados na terça-feira

MARIA LOPES 

Público - 27/04/2013 - 00:00


Ministro das Finanças está a preparar a nova estratégia orçamental RUI GAUDÊNCIO

Será na próxima terça-feira, em mais um Conselho de Ministros extraordinário, que o Governo vai aprovar o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), onde estarão presentes os cortes permanentes na despesa pública prometidos à troika e que deverão atingir os 2,5% do PIB (um pouco mais de 4000 milhões). Nesse momento, serão ainda conhecidas quais as medidas que irão substituir as chumbadas pelo Tribunal Constitucional (TC) no seu recente acórdão e será feita a revisão das previsões macroeconómicas do executivo.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares no final da reunião do Conselho de Ministros. Este garantiu, no entanto, que a estratégia de redução de despesas estatais não foi discutida nesse encontro.
Realçando que "não se trata de novos cortes", Luís Marques Guedes confirmou que o DEO vai incluir as medidas substitutivas à decisão do Tribunal Constitucional, que, segundo as contas do Governo, provocou um buraco de 1326 milhões de euros no Orçamento do Estado para este ano - e "que atendendo ao compromisso de cumprimento do défice, Portugal tem de cumprir".
O mesmo documento, que diz respeito ao período entre 2013 e 2017, terá de incluir ainda, acrescentou o ministro, "as medidas estruturais de curto e de médio prazo", e a revisão das previsões macroeconómicas.
O Governo aprovou, na semana passada, cortes de cerca de 800 milhões de euros para este ano, através da redução da despesa com pessoal, bens e serviços e outras despesas correntes em cada um dos ministérios.
Questionado pelos jornalistas, o ministro afirmou que nem a proposta do Documento de Estratégia Orçamental nem a do Orçamento do Estado rectificativo chegaram ainda ao Conselho de Ministros, pelo que "não há possibilidade de ter havido ainda um envolvimento do PS ou de outras forças políticas".
Já o plano para o crescimento económico, emprego e fomento industrial aprovado na terça-feira num Conselho de Ministros extraordinário foi ultimado nesse dia e enviado "na íntegra" na quarta-feira para os partidos da oposição e parceiros sociais - mas ainda não há comentários.
Instado a comentar o discurso do Presidente da República no Parlamento na sessão solene dos 39 anos do 25 de Abril, o ministro Luís Marques Guedes afirmou que "o Governo, como lhe compete, ouviu atentamente e com toda a atenção" o chefe do Estado, mas, embora realçando que "não lhe cabe fazer comentários", considerou que a declaração "é dirigida a todos os portugueses individualmente, aos partidos políticos, órgãos de soberania e todos os órgãos da República em geral".
O discurso de Cavaco Silva foi essencialmente lido como sendo uma crítica aos socialistas por insistirem em manter um afastamento em relação ao Governo, apesar dos reiterados apelos do próprio Presidente da República ao diálogo e ao consenso. 
com Sérgio Aníbal

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