A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia admitiu este domingo realizar ações de luta caso o Governo avance com mais cortes para o setor, considerando que os polícias "atingiram o limite dos sacrifícios".
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Manifestação dos "secos e molhados" aconteceu há 24 anos
"Entendemos que não há mais margem de manobra para novos cortes e que aqueles já efetuados colocam em causa a estabilidade necessária ao desempenho cabal da missão que temos enquanto profissionais da Polícia", refere uma carta que a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) vai entregar ao presidente da República, Cavaco Silva.
O documento foi aprovado este domingo pelo aquele sindicato da polícia durante as comemorações que assinalam a carga policial de há 24 anos sobre elementos da PSP, e que ficou conhecida por "secos e molhados".
Na missiva, que será hoje entregue ao final da tarde na Presidência da República, em Lisboa, a ASPP/PSP sublinha que os "profissionais da polícia atingiram os limites dos sacrifícios".
"Sempre que somos chamados a cumprir a nossa missão somos elogiados, nacional e internacionalmente, muitas vezes, fruto do nosso empenho, que vai muito além do que nos é estatutariamente exigido. Não somos, por isso, peças de exposição que sirvam para mostrar a quem nos visita. (...) Não somos nem seremos o braço armado de qualquer Governo", adianta a carta do maior sindicato da PSP.
A ASPP frisa que os polícias sentem que estão a ser "empurrados para situações que eram vividas antes do 21 de abril de 1989", pelo que têm de dar uma resposta `a altura dos ataques de que são vítimas, considerando "inadmissível a regressão, particularmente desde 2005.
"À surdez do Governo, responderemos com a luta, através de todos os meis legais ao nosso dispor", realça a carta assinada pela direção nacional da ASPP/PSP, adiantando que está disponível para iniciar com as iniciativas necessárias para que seja feita justiça.
Como exemplo de "cortes cegos" que têm atingido os polícias, a ASPP refere a equiparação da PSP à função pública, ausência de pagamento de horas extraordinárias e de trabalho em dias de feriado, aumento da idade da reforma, não cumprimento do estatuto profissional e não pagamento dos serviços de saúde, além da falta de dinheiro para despesas correntes com viaturas e esquadras degradadas.
O sindicato relembra ainda os estudos que demonstram que os polícias têm, em média, menos 11 anos de vida em relação à esperança média de vida dos portugueses.
"Perante este cenário, a ASPP/PSP considera que qualquer iniciativa que venha a ser levada a cabo, bem como as suas consequências, serão da responsabilidade deste Governo e do presidente da República, por inação", lê-se na missiva.
A ASPP apela ainda ao presidente para que "não repita erros no passado e exerça a sua influência para obrigar a que as justas aspirações dos profissionais da PSP cheguem ao primeiro-ministro, ministros da Administração Interna e Finanças".
A manifestação de polícias de 21 de Abril de 1989, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, acabou em confrontos com o Corpo de Intervenção da PSP a lançar jatos de água e a usar bastões para dispersar o protesto e com a detenção de seis agentes que estava dentro do Ministério da Administração Interna para entregar um caderno reivindicativo.
Jornal de Notícias, 22-4-2013
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