O
MNE grego Avramopoulos disse que a Grécia nunca tinha desistido de procurar
indemnizações
O
ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Dimitris Avramopoulos, anunciou
nesta quarta-feira no Parlamento que o país vai mesmo avançar com um pedido de
indemnizações à Alemanha por danos na II Guerra Mundial.
Especulava-se
que Atenas pudesse tomar este passo desde que o diário gregoTo Vima noticiou
a existência de um relatório secreto do Ministério das Finanças detalhando
danos e calculando reparações – tanto por perdas materiais como por um
empréstimo forçado do Banco Central grego às forças de ocupação.
Mas
responsáveis admitiam que a decisão seria política, já que não era a melhor
altura para irritar Berlim, que é quem mais contribui para os empréstimos aos
países em dificuldade.
O
ministro Avramopoulos sublinhou que a Grécia nunca tinha desistido das
indemnizações e pediu “a restauração da justiça e verdade sobre o sofrimento do
povo grego durante os anos difíceis da ocupação, um período durante o qual o
povo grego sofreu, passou fome, e foi pilhado como nenhum outro”, cita o diário
norte-americano Wall Street Journal. Não especificou como será
feito o pedido nem a quantia.
Na
última vez que esta questão surgiu, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang
Schäuble, disse que o caso estava fechado e aconselhou a Grécia a focar-se nas
reformas e não desviar as atenções. O seu homólogo grego ripostou que uma
questão é independente da outra.
162
mil milhões em jogo?
O ministro dos Negócios Estrangeiros diz que vai agora ser estudado o modo como apresentar este pedido de reparações. Segundo o documento citado no início de Abril pelo To Vima, tratar-se-ia de 108 mil milhões de euros por danos de infra-estrutura e 54 mil milhões resultantes dos empréstimos forçados da Grécia à Alemanha. Ou seja, 162 mil milhões de euros, cerca de 80% do PIB grego.
O ministro dos Negócios Estrangeiros diz que vai agora ser estudado o modo como apresentar este pedido de reparações. Segundo o documento citado no início de Abril pelo To Vima, tratar-se-ia de 108 mil milhões de euros por danos de infra-estrutura e 54 mil milhões resultantes dos empréstimos forçados da Grécia à Alemanha. Ou seja, 162 mil milhões de euros, cerca de 80% do PIB grego.
A
Alemanha pagou já, em 1960, 115 milhões de marcos (equivalente a 57,8 milhões
de euros) à Grécia, diz a Deutsche Welle – e do ponto de vista
de Berlim, a questão ficou aí encerrada. O jornal alemão Die Welt dizia,
pelo seu lado, que desde 1949 a Alemanha pagou já pelo menos o equivalente
a 31 mil milhões de euros, sublinhando, no entanto, que é difícil ter uma
quantia exacta, já que houve várias formas de pagamentos.
Há
quem ache que o pedido grego – pelo menos uma parte – é justificado. Quem
melhor para o defender do que um professor alemão da Universidade de Atenas? O
historiador Hagen Fleischer duvida da validade do argumento de que todas as
reparações foram pagas em 1960. Primeiro, lembra que “a Holanda, que sofreu
muito menos perdas, teve uma indemnização maior”, cita a Deutsche Welle.
E segundo, Fleischer nota que o empréstimo ainda começou a ser pago logo depois
da guerra. Os próprios nazis reconheceram o empréstimo, o que seria uma
vantagem.
O
mais recente caso de reparações individuais acabou, no entanto, com uma derrota
para a Grécia. Trata-se de um pedido relacionado com um ataque a uma localidade
chamada Distomo, que matou 218 pessoas. Em 1997, um tribunal grego declarou que
os familiares das vítimas tinham direito a uma indemnização de cerca de 37,5
milhões de euros. Mas em 2011, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos decidiu
que não havia lugar a reparações.
Notícia
corrigida 25/4 às 12h10, no subtítulo o valor estava errado, é 162 mil milhões
como se dizia à frente no texto
Público,
25-4-2013
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