Público
- 12/03/2013 - 00:00
Amadeu
Guerra passou ontem a encabeçar o combate à corrupção e à criminalidade
económico- -financeira no DCIAP
O
sucessor de Cândida Almeida à frente do Departamento Central de Investigação e
Acção Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, admitiu ontem, durante a sua tomada de
posse, que não lhe foi fácil aceitar o convite para o cargo.
Dizendo-se ciente das dificuldades que vai encontrar,
nomeadamente "a crise de credibilidade e de confiança que abala o sistema
judicial", o procurador-geral adjunto explicou que, sendo partidário da
discrição, "assim pretendia continuar". Mas tal não será possível nos
próximos três anos que durará este mandato, reconheceu: "Estou consciente
de que a direcção do DCIAP tem uma certa notoriedade, na medida em que aqui são
investigados processos de especial complexidade e relevância social, cujos
resultados são determinantes para aprofundar a defesa da legalidade enquanto
componente essencial do Estado de direito".
A reconquista da confiança dos cidadãos na justiça foi também
abordada pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, que falou na
necessidade de as investigações serem feitas "em tempo útil e
razoável", respeitando o segredo de justiça. Para Amadeu Guerra, de 58
anos, a descrença no sistema "só pode ser minorada", no que aos
magistrados do Ministério Público diz respeito, com isenção, independência e
coragem.
"Este representa o maior desafio da minha carreira de mais
de 30 anos como magistrado", referiu, apontando as somas que fez poupar ao
Estado como o motivo que poderá ter estado na origem da sua escolha para
encabeçar o combate à corrupção e à criminalidade económico-financeira. E
detalhou: "No ano de 2012 foram julgadas e transitaram em julgado acções
contra o Estado no valor de quase 500 milhões de euros, tendo o Estado sido
condenado em pouco mais de 200 mil".
Amadeu Guerra exercia funções de coordenador do Ministério
Público no Tribunal Central Administrativo do Sul. Antes disso esteve mais de
uma década na Comissão Nacional de Protecção de Dados, tendo também passado
pela Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos. Em meados dos anos 80
chegou a trabalhar com Cândida Almeida no Tribunal de Trabalho de Lisboa.
Também pertenceu à unidade de controlo da Europol, a polícia europeia, tendo aí
publicado estudos sobre criminalidade económico-financeira.
Segundo de cinco filhos de uma família humilde chefiada por um
cabo da GNR, nasceu em Tábua, no distrito de Coimbra, tendo passado a
adolescência já em Lisboa.
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