25/02/2013 - 14:47
A Procuradoria-Geral (PGR) de Angola classificou hoje como
“despudorada” e “desavergonhada” a forma como o segredo de justiça é
“sistematicamente” violado em Portugal em casos relativos a “honrados” cidadãos
angolanos.
O protesto “veemente” foi feito num comunicado enviado à agência
Lusa em Luanda e refere-se à publicação pelo semanário Expresso de uma notícia sobre a investigação
que o Ministério Público de Portugal abriu contra o procurador-geral de Angola,
João Maria Sousa, por alegada “suspeita de fraude e branqueamento de capitais”.
A PGR angolana classifica a
notícia como “vexatória” e considera que peca por “falta de ética,
profissionalismo e objectividade por parte de quem violou o segredo de justiça
e de quem, de má-fé a veiculou”.
A “falta de ética, profissionalismo e objectividade” invocadas pela PGR angolana assentam na difusão da notícia sem se ter em conta “a lesão de bens jurídicos constitucionalmente protegidos” em Portugal e Angola, “não menos importantes do que o direito de informar”.
A “falta de ética, profissionalismo e objectividade” invocadas pela PGR angolana assentam na difusão da notícia sem se ter em conta “a lesão de bens jurídicos constitucionalmente protegidos” em Portugal e Angola, “não menos importantes do que o direito de informar”.
Por considerar que não se
pode manter “indiferente perante tão lastimável situação”, a PGR angolana, “em
defesa do bom nome da República de Angola, enquanto Estado independente e
soberano, do Ministério Público e de todos os magistrados angolanos”, expõe a
sua versão dos factos no comunicado, com quatro páginas.
Assim, a PGR angolana
considera que a “Averiguação Preventiva” em curso na Direcção Central de
Investigação e Acção Penal (DCIAP), do Ministério Público português, constitui
“um procedimento administrativo normal”, instaurado contra qualquer pessoa que
receba valores através de transferência bancária.
Esse procedimento, que não
significa que o visado seja autor de qualquer infracção criminal, visa apurar a
legalidade, acrescenta o comunicado, relativamente aos factos noticiados pelo Expresso,
que João Maria de Sousa é accionista de um grupo empresarial que integra
diversas sociedades, confirmando ter sido feita, em Novembro de 2011, uma
transferência correspondente a 70 mil euros, para uma conta titulada pelo PGR
angolano no Banco Santander Totta, em Lisboa.
Mais à frente, assegura-se
no comunicado que o jornalista e o semanário Expresso vão ser chamados a provar
a alegação de que quatro milhões de euros terão sido entregues a João Maria de
Sousa.
“O articulista do jornal Expresso ultrapassou os limites do permitido em
jornalismo, ao escrever, caluniosamente, que 4 milhões de euros foram
recuperados e entregues a João Maria de Sousa, o que, por ser uma grosseira
mentira, eivada de má-fé, o articulista e o jornalExpresso serão,
a seu tempo, chamados a provar tais afirmações”, relacionadas com transferências
ilícitas “por meio de burlas ocorridas no Banco Nacional de Angola”,
descobertas em 2009 e cujo inquérito corre no DCIAP em Portugal.
A concluir o comunicado, a
PGR angolana afirma ficar a aguardar que o DCIAP faça uso dos instrumentos
legais previstos na cooperação jurídica entre Portugal e Angola, “para obter
das autoridades angolanas e do próprio visado os documentos e esclarecimentos
de que necessita para instruir a publicitada Averiguação Preventiva”.
Nessa altura, conclui, “dará
luz à verdade dos factos e colocará fim às apressadas conclusões tiradas neste
episódio por gente mal-intencionada que entregou para divulgação na imprensa
informações sobre factos referentes a um processo regido pelo segredo de
justiça”.
No domingo, o Jornal de Angola, em editorial, também já fazia
várias críticas a Portugal.
Sem nunca fazer referência à notícia do semanário Expresso sobre uma investigação ao Procurador-Geral da República angolano João Maria de Sousa por fraude fiscal e branqueamento de capitais, o director do único diário angolano, José Ribeiro, critica as instituições portuguesas, como a Procuradoria-Geral da República (PGR), duvida da boa vontade de Portugal nas relações bilaterais com Angola, queixa-se de uma “perseguição aos interesses angolanos” e aponta o alvo ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que esteve recentemente numa visita a Luanda, antes de deixar a porta aberta a um entendimento.
Sem nunca fazer referência à notícia do semanário Expresso sobre uma investigação ao Procurador-Geral da República angolano João Maria de Sousa por fraude fiscal e branqueamento de capitais, o director do único diário angolano, José Ribeiro, critica as instituições portuguesas, como a Procuradoria-Geral da República (PGR), duvida da boa vontade de Portugal nas relações bilaterais com Angola, queixa-se de uma “perseguição aos interesses angolanos” e aponta o alvo ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que esteve recentemente numa visita a Luanda, antes de deixar a porta aberta a um entendimento.
“Por continuar ainda hoje,
décadas depois da independência, a perseguição aos interesses de Angola em
Portugal, soa mal e gera muita desconfiança quando vem a Luanda um ministro do
governo de Lisboa afiançar que a amizade entre Portugal e Angola continua de pé
e os investimentos angolanos são ‘bem-vindos’ em Portugal. Já começamos a acreditar
que isso não é sincero”, escreve José Ribeiro no texto intitulado Portugal e
Jonas Savimbi.
Mais: o editorialista acusa
a imprensa e as instituições em Portugal de favorecerem a UNITA do defunto
líder Jonas Savimbi e de prejudicarem os representantes do Governo de Angola.
“Nunca a Procuradoria-Geral da República portuguesa ou os serviços de
banditismo investigaram os traficantes e criminosos que circulavam livremente
em Portugal”, escreve, depois de acusar os dirigentes da UNITA de andarem
“décadas por Lisboa a traficar armas e diamantes”.
O PÚBLICO tentou sem êxito
obter um comentário do ministro Paulo Portas este domingo. Num contacto no
sábado, a assessora de imprensa da PGR não confirmou nem desmentiu qualquer
investigação a João Maria de Sousa que, segundo a edição do Expresso, seria
suspeito de transferir 93 mil dólares de uma empresa offshore para uma conta do
Santander Totta em Portugal, através de uma conta do Banco Comercial Português
das Ilhas Caimão. O semanário dizia ainda que o ministro Paulo Portas tem dado
especial atenção a estas investigações, para impedir o reacender de um conflito
diplomático entre Lisboa e Luanda.
Recuperada
informação de notícia publicada no PÚBLICO online no Domingo
Notícia
actualizada às 15h43. Acrescentada mais informação da Lusa
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