John
Brennan defende o uso secreto de aviões telecomandados pelo governo americano
para atacar terroristas
Numa
audiência no Senado que foi interrompida por protestos na sala de activistas
anti-guerra, John Brennan, o homem que nos últimos quatro anos esteve à frente
da campanha secreta de drones (aviões telecomandados) usados pelo governo
americano para atacar terroristas, disse que os Estados Unidos só empregam esses
métodos para “salvar vidas e quando não existe outra escolha”.
Brennan,
que desde 2009 é o principal conselheiro de Barack Obama para assuntos de
contra-terrorismo, defendeu que o uso de drones pela actual administração tem sido
“disciplinada” e “judiciosa”, notando que a opinião pública está equivocada
sobre o assunto.
Ele
disse que os protestos na sala – em que activistas seguraram cartazes onde se
lia “Brennan = Criminoso de guerra”, entre outras frases – eram um exemplo de
como “as pessoas estão a reagir a uma série de falsidades que circulam por aí”.
Os drones só são usados contra alvos que
planeiam atacar os Estados Unidos, nunca como um acto de punição, disse. “Nada
poderia estar mais longe da verdade.”
Nomeado pelo presidente Barack Obama para dirigir a agência de espionagem CIA, John Brennan, 57 anos, compareceu perante um painel de senadores na quinta-feira à tarde numa audiência destinada a confirmar a sua nomeação. Se a sua escolha for aprovada, Brennan irá substituir David Petraeus, o ex-general que se demitiu da direcção da CIA em Novembro por causa de uma relação extra-conjugal.
Nomeado pelo presidente Barack Obama para dirigir a agência de espionagem CIA, John Brennan, 57 anos, compareceu perante um painel de senadores na quinta-feira à tarde numa audiência destinada a confirmar a sua nomeação. Se a sua escolha for aprovada, Brennan irá substituir David Petraeus, o ex-general que se demitiu da direcção da CIA em Novembro por causa de uma relação extra-conjugal.
A
audiência de quinta-feira – que continuará na terça-feira com outra audiência à
porta fechada – destinava-se não só a examinar o envolvimento ou conhecimento
pessoal de Brennan em matérias controversas, como o uso de tortura em
interrogações no rescaldo dos ataques de 11 de Setembro, mas também as
políticas de Obama na guerra contra o terrorismo. Brennan era um administrador
da CIA quando as interrogações coercivas foram usadas, mas tem dito que não
teve qualquer envolvimento no programa.
Numa
entrevista à CBS News em 2007, que foi repetidamente citada pelos senadores que
ontem questionaram Brennan, ele afirmou que o uso de técnicas coercivas tinham
produzido informação valiosa e poupado vidas. Mas Brennan disse que essa
conclusão resultara da informação que lhe fora facultada na altura. Depois de
ler um resumo do relatório (classificado) em que um grupo de senadores conclui
que essas tácticas não foram eficazes, Brennan disse que, “neste momento” não
sabe “qual é a verdade”.
Mas
numa audiência que durou três horas e meia, Brennan recusou dizer sewaterboarding,
uma táctica que consiste na simulação de afogamento, é tortura. “É repreensível
e é algo que não deve ser feito”, disse. “Não sou um advogado para determinar
se é ilegal ou não.”
Leon
Panetta, que foi o primeiro director da CIA nomeado por Obama, não hesitou em
referir-se ao waterboarding como tortura na sua audiência de
confirmação. Há quatro anos, Brennan também emergiu como um potencial candidato
a director da CIA, mas questões sobre o seu papel na agência quando a
administração Bush aprovou o waterboarding e outras técnicas coercivas de
interrogação minaram a sua nomeação.
Na
audiência de ontem, Susan Collins, uma senadora republicana do Maine,
referiu-se às críticas de que os ataques de drones são contraproducentes porque
vulnerabilizam a credibilidade dos Estados Unidos e ajudam a recrutar novos
terroristas. “Essa é uma preocupação que devemos ter”, disse Brennan. Mas
acrescentou que “pessoas que têm estado à mercê da Al-Qaeda nalgumas destas
áreas têm saudado o trabalho dos Estados Unidos para remover o cancro da
Al-Qaeda”.
Estima-se
que 360 ataques terão sido efectuados durante a administração Obama, em
contraste com os menos de 50 levados a cabo durante a administração anterior de
George W. Bush. Não existe um número oficial dos ataques, dos países onde os
ataques tiveram lugar, dos terroristas eliminados através dos ataques ou das
vítimas civis causadas pelos ataques, porque a administração americana não
reconhece publicamente a existência desta campanha. Os drones têm sido referidos como “a arma
preferida de Obama”.
Público, 08-02-2013
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