O antigo Presidente
da República Mário Soares considera que “o povo português jamais permitiria”
mudar a Constituição para lhe tirar o “espírito progressista que tem desde que
foi votada, pela primeira vez”. O histórico socialista diz mesmo que se o actual
Presidente Cavaco Silva, que jurou a Constituição, tendo de a manter como tal,
aceitasse o contrário, provocaria uma “guerra civil”.
Mário Soares considera que alterar a Constituição iria provocar um
grande mal-estar na sociedade portuguesa, motivando mesmo uma guerra civil em
Portugal.
“É
certo que o actual Presidente da República jurou a Constituição e tem,
obviamente, de a manter como tal. O contrário daria uma guerra civil”, escreve
Mário Soares no artigo de opinião publicado hoje no Diário de Notícias. Para o
antigo Presidente da República, a maioria do povo português “jamais permitira”
alterar a Constituição que, “felizmente, se manteve no essencial nas várias
revisões”.
“Outros
há que (…) dizem que é preciso mudar a Constituição para lhe tirarem o espírito
progressista que tem desde que foi votada, pela primeira vez”, aponta Mário
Soares, considerando que é preciso esperar para ver o que vai acontecer na
próxima semana.
O
antigo presidente recorda que “há quem considere este Orçamento como
anticonstitucional”, como o “ilustre constitucionalista Jorge Miranda, com boas
razões”, no entender de Soares, criticando os que querem mexer na
Constituição.
Os
comentários de Soares surgem depois de o primeiro-ministro Passos Coelho ter
afirmado ontem que “não é impossível que tenhamos de rever alguns aspectos da
Constituição”, acrescentando, contudo que a revisão da Constituição “não é uma
pré-condição para a reforma do Estado”, no âmbito da refundação do acordo com a
troika.
Ontem Passos recusou dar exemplos de medidas
a incluir nessa reforma, para não condicionar o diálogo com o PS. Hoje, o
primeiro-ministro formaliza o convite ao PS para a “refundação do programa de
ajustamento”.
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