domingo, 2 de setembro de 2012

Se amanhã houvesse um presidente da RTP a sério

Panóptico

Se houvesse amanhã um presidente a sério na RTP, a mesma ou concessionada, a sua primeira medida seria baixar o seu salário para um valor inferior ao dum secretário de Estado e prescindir de mordomias.
ectorres@cmjornal.pt
Com os empregados da RTP, ele ou ela estabeleceria um plano para centrar toda a actividade da empresa na concepção e desenvolvimento de conteúdos de interesse público alternativos aos privados, num canal destinado a toda a população e com capacidade de interessar todos os falantes de língua portuguesa. Anularia o cargo de director-geral. Nomearia um director de programas capacitado para desenvolver essa programação e que fosse sentida pelos portugueses como um valor acrescentado e necessário a todos. Apoiaria registos de teatro, música e outras artes, eruditas e populares, e de desportos alternativos ao futebol, incluindo amadores e escolares, promovendo apenas os jogos significativos em termos nacionais (Selecção, Taça de Portugal). Promoveria ao máximo a programação infantil e juvenil. Num serviço público, os conteúdos são tudo. O resto é burocracia. Daria toda a garantia aos jornalistas de que não haveria nenhuma pressão e que os defenderia contra quaisquer pressões políticas, económicas ou desportivas. Procuraria que o paradigma jornalístico irradiasse a demagogia e o populismo e desse mais atenção à vida local e dos portugueses no estrangeiro e à actualidade internacional. Promoveria a formação permanente dos empregados, em especial jornalistas.
Só trabalharia num serviço público sem publicidade. Zero de publicidade no serviço público. Geriria apenas com base na taxa dos seus concidadãos, excluindo todas as outras formas de financiamento pelo Estado, numa gestão rigorosa e dando contas ao Estado e aos portugueses de cada euro gasto.
Tomaria todas as medidas para racionalizar recursos humanos e acabar com desperdícios e compadrios. Transparência total. Reduziria drasticamente o número das direcções-gerais, poupando e agilizando para um único fim: criar e apoiar conteúdos de interesse público.
Resolveria o problema dos arquivos, passando o histórico (até pelo menos 1992) para o ANIM e para a internet, mas com acesso total da própria RTP ao arquivo.
Desenvolveria uma estratégia com o cinema português – ficção e documentário. Promoveria ao máximo a produção externa, para revitalizar o sector audiovisual português.
Fecharia a pseudo-academia RTP e encetaria uma colaboração directa com universidades e escolas de artes e media. Convidaria os beneficiários dos salários milionários a saírem ou a aceitarem salários razoáveis.
A DEMISSÃO DA GLORIOSA ADMINISTRAÇÃO QUE NADA FEZ
Lá se foi a administração da RTP. Que pena não terem também acabado com a inutilidade dum "director-geral". Não vi referido que Guilherme Costa só geriu "bem" porque a empresa passou a depender do Orçamento de Estado. Quanto ao resto, em um ano, não fez rigorosamente nada do que tinha de fazer quanto à reestruturação. Está tudo na mesma. Foi adiando a reforma da concessionária, com todas as consequências duma gestão paralisada e sem pinta de imaginação. A incompetente recondução de Costa pelo ministro Relvas em 2011 arrastou por mais um ano a inacção e incompetência dum gestor político profissional, criador de mitos acerca dos "lucros" numa empresa que recebeu 1195,6 milhões de euros nossos desde 2010.
VÃO LÁ PARA A TDT MAS NÃO MINTAM
O parlamento decidiu atribuir-se um canal na TDT. Diz que não é um canal de TV, para fazer de nós parvos. Eu preferiria um canal de todos os órgãos do Estado, para aliviar as pressões, mas que este é um canal de TV, é. Passa conteúdos do parlamento, que são escolhidos e apresentados através duma rede de TV e de processos unicamente televisivos. Façam, mas não mintam.

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