Austeridade:
Provedor de Justiça pede intervenção do Presidente da República
Alfredo
José de Sousa entende que Cavaco deve pedir a apreciação preventiva das novas
medidas de austeridade ao Tribunal Constitucional
O
Provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, considera que o Presidente da
República deve pedir a apreciação preventiva das novas medidas de austeridade
ao Tribunal Constitucional e disse estar preocupado com eventuais convulsões
sociais.
Em
entrevista publicada hoje no Diário Económico, o Provedor de Justiça e
Conselheiro de Estado de Cavaco Silva considera que o "Presidente da
República deverá pedir ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva da
constitucionalidade das novas medidas de austeridade se forem vertidas na lei
do Orçamento do Estado para 2013".
Alfredo
José de Sousa sublinhou ao jornal que "está preocupado com os efeitos
sociais da sobrecarga das contribuições dos trabalhadores face às mexidas na
Taxa Social Única (TSU) e ao corte dos rendimentos dos reformados".
No
entender do Provedor de Justiça, as medidas anunciadas "carecem de uma
explicação clara, não só da sua extensão, como das opções político-financeiras
de cada uma".
O
Conselheiro de Estado de Cavaco Silva adiantou também ao Diário Económico
recear que "esta nova dose reforçada de 'xarope' venha a desencadear
convulsões sociais de difícil controlo".
Alfredo
José de Sousa disse ainda que subscreve "toda a substância da entrevista
de Manuela Ferreira Leite, na quarta-feira, à TVI-24".
Em
declarações ao canal televisivo TVI 24, a ex-líder do PSD Manuela Ferreira
Leite disse que a "medida perniciosa" da subida da Taxa Social Única
aplicada aos trabalhadores vai "aumentar dramaticamente o
desemprego", já que os trabalhadores "vão financiar empresas que
podem falir".
Apelando
ao "bom senso" e à "prudência", a antiga ministra sustentou
que, a continuar a austeridade sobre austeridade, Portugal vai "cair no
fundo". A consolidação orçamental, advogou, "não se consegue sem
crescimento, sem investimento".
Questionado
sobre o que é que pode fazer o Provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa
afirmou que "só perante a Lei do Orçamento do Estado para 2013 e das
normas que densificarão as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro e,
sobretudo pelo ministro das Finanças, é que o Provedor poderá decidir se vai ou
não impugnar" no Tribunal Constitucional.
"Darei
especial atenção aos cortes dos rendimentos dos reformados e à violação
unilateral da relação sinalagmática que estabeleceram ao longo dos anos com o
Estado", frisou.
Correio da Manhã, 14-09-2012
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