segunda-feira, 25 de junho de 2012

O pulo do Gato

E a justiça?
Fernando Sobral
O Governo, por sua vontade, fechava quase todos os tribunais. Até o Tribunal Constitucional. Porque num país onde a ideia de justiça é cada vez mais uma miragem num deserto, eles deixaram de fazer sentido. A ideia peregrina de Luís Montenegro de passar o Tribunal Constitucional para uma adenda ou um beco do STJ mostra o que se pensa da Constituição. Tal como os documentos do Tribunal de Contas só servem para que as almas penadas se comovam com os desvarios que não são punidos, acabar com o Tribunal Constitucional é apenas mais um passo nesta caminhada para a injustiça total. Portugal está cheio de leis. Falta cumpri-las. E punir quem as prevarica. É intrigante que o líder da bancada do PSD atire para o ar a ideia poucas horas antes dos partidos do poder terem chegado a acordo sobre a lista para o Tribunal Constitucional, depois de uma vergonhosa incapacidade para acordar alga Um dos maiores dramas de Portugal é a falta de justiça. E o sentimento de impunidade que está a minar as instituições democráticas. Não há olho por olho, nem dente por dente. Há faneca por faneca. A corrupção é um rio que envenena um país. É aí que se perde grande parte do crédito de Portugal. A corrupção ajuda a descobrir como é feito um país. E as investigações judiciais abrem as janelas para um país pouco transparente de cumplicidades silenciadas, de sacos azuis, de sucateiros e de clubes de interesses.
Onde sectores público e privado apertam as mãos com o dinheiro dos contribuintes. O atraso político, económico e social passa por esta justiça ineficaz. Mas destruir o que resta da justiça é tomar Portugal um faroeste.
Jornal Negócios | segunda-feira, 25 Junho 2012

Sem comentários: