SEGREDOS
O INQUÉRITO disciplinar aberto pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, por causa de uma fiiga de informação relacionada com as investigações sobre várias figuras do regime angolano, foi arquivado pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) anteontem. Eram suspeitos de violarem o dever de reserva a anterior diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Cândida Almeida, e os magistrados Paulo Gonçalves e Rosário Teixeira, ali titulares de investigações por branqueamento de capitais contra generais, um político e o procurador-geral da República de Angola.
Quatro meses após a abertura do inquérito, o CSMP aprovou, por unanimidade, a proposta de arquivamento formulada pelo inspetor Gil Almeida, porque este não apurou a identidade da fonte de informação de uma notícia do "Expresso" que revelou que Joana Marques Vidal exigira rapidez nas investigações aos angolanos. Dias antes da notícia, a procuradora-geral tinha-se reunido com os três referidos magistrados do DCIAP e feito aquela exigência, o que fazia deles suspeitos da fuga de informação.
Limitado pelo reduzido leque de meios de obtenção de prova permitidos em sede de inquérito disciplinar, o inspetor limitou-se, praticamente, a perguntar aos três magistrados se tinham falado com o autor da notícia do Expresso e a este pela identidade da sua fonte.
Além de infrutífero, o inquérito foi-associado à não recondução de Cândida Almeida, apesar de Joana Marques Vidal ter justificado que a substituição daquela magistrada por Amadeu Guerra se justificava só pela necessidade de uma nova dinâmica no DCIAP.
NELSON MORAIS
Jornal de Notícias, 19 de Junho de 2013
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