quinta-feira, 11 de abril de 2013

Oposição critica Passos por atacar Constitucional

SOFIA RODRIGUES 

Público - 11/04/2013 - 00:00
No debate em plenário, PS, PCP e BE questionam regular funcionamento das instituições. CDS ficou em silêncio
Com nuances de discurso, as bancadas do PS, PCP e BE questionaram o "regular funcionamento das instituições", após as críticas do primeiro-ministro ao Tribunal Constitucional, o despacho do ministro das Finanças e até a permanência em funções do ministro demissionário Miguel Relvas. A maior dissonância na oposição tem a ver com a posição assumida pelo Presidente da República, que é muito mais criticada pelas bancadas à esquerda do PS. No período de declarações políticas em plenário, foi o PCP que lançou o ataque ao executivo de Passos Coelho.
"Quando um Governo tem dois orçamentos consecutivos declarados inconstitucionais, o que é isso senão o comprometimento do regular funcionamento das instituições", disse Bernardino Soares, líder da bancada. A mesma pergunta, acrescentou, se pode fazer perante o despacho de contenção do ministro das Finanças, "uma ditadura", e sobre um ministro que se demite e se mantém em funções uma semana depois. O executivo, disse, está "ferido de morte": "Este Governo é sustentado neste momento apenas pelo Presidente da República. Foi debaixo da protecção do Presidente que o Governo se foi colocar na sequência do acórdão do Tribunal Constitucional. O Governo é hoje um protectorado de Belém."
Luís Fazenda, do BE, partilhou a mesma crítica, ao afirmar que o Governo, "ao cometer um conjunto de inconstitucionalidades em dois orçamentos, é a fonte do irregular funcionamento das instituições, o único agente responsável". Cavaco Silva não saiu imune da crise vivida no passado fim-de-semana. "O Presidente rebaixou-se completamente à posição do Governo. É alguém que personifica a inconsequência total. É parte do problema e não o árbitro que devia estar afastado", disse Fazenda.
A deputada Heloísa Apolónia, de "Os Verdes", repetiu o pedido de demissão de Passos por liderar um "Governo perigoso" que não respeita a Constituição. Os socialistas foram mais contidos nas críticas ao Governo e a Cavaco Silva, mas o vice-presidente da bancada José Junqueiro não deixou de sugerir uma pergunta para Cavaco Silva. "Um dia alguém pode perguntar ao Presidente se considera tudo isto um normal funcionamento das instituições", disse Junqueiro, logo depois de assinalar as críticas que Passos fez no domingo. "Pela primeira vez em democracia, um primeiro-ministro ataca o Tribunal Constitucional. Em democracia, não se ataca o Tribunal Constitucional, cumpre-se a Constituição."
A bancada do CDS manteve-se em silêncio nas várias declarações políticas da oposição. Só o PSD decidiu ripostar. Teresa Leal Coelho, vice-presidente, rejeitou que o primeiro-ministro tenha colocado em causa a separação de poderes ao criticar a decisão do TC. E lembrou a decisão do TC alemão, que poderia ter impedido a aprovação dos mecanismos de resgate destinados a países periféricos, mas decidiu em solidariedade no quadro do Tratado da UE.

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