domingo, 21 de abril de 2013

A “tonadillera del pueblo” foi condenada


A cantora espanhola Isabel Pantoja, famosa pelas suas interpretações da tonadilla, género de canção espanhola, foi condenada em Málaga a 24 meses de prisão e uma multa de 1.147.000 euros por “lavagem de dinheiro”, no que é a ponta do iceberg do caso “Malaya”, processo de megacorrupção urbanística na localidade de Marbella, local de férias do jet set internacional e do qual foi presidente de câmara o seu ex-parceiro, Julián Muñoz – ele próprio condenado a sete anos de prisão e a uma multa de 3.893.854 euros por branqueamento de capitais e corrupção.

A artista não irá para a cadeia, a não ser que o Tribunal assim o decida, excecionalmente, uma vez que a sentença não excede os dois anos de prisão e não há antecedentes. O mesmo não acontecerá ao seu ex-namorado, Julián Muñoz, que está já detido na prisão de Alhaurín de la Torre (Málaga). Também na prisão estão a sua ex-mulher, Maite Zaldívar, e o irmão, Jesús Zaldívar, condenados a três anos, três meses e um dia por branqueamento de capitais continuado. Maite foi multada em 2.487.088 euros e Jesús em 1.780.000 euros.

Isabel Pantoja, magra e abatida, passou os dias anteriores à leitura da sentença refugiada na sua propriedade Cantora (Cádiz), herdada após a trágica morte de seu marido, o toureiro Paquirri, em 1984, colhido pelo touro Avispado na Praça de Pozoblanco, em Córdoba. Nesse 26 de setembro, a vida da cantora deu uma volta de 180º. Não se voltou a casar e desde então foram-lhe conhecidos poucos relacionamentos, além da relação com o ex-autarca de Marbella, com quem viveu em Cantora.

Durante o julgamento, a acusação argumentou que a popular tonadillera sabia a origem ilegítima do dinheiro recebido por Julián Muñoz e beneficiou dele. Pantoja recusou-se a depor perante o Ministério Público e só respondeu a perguntas do seu advogado, José Àngel Galán. Este requereu que a sua cliente fosse tratada da mesma forma que a Infanta Cristina no caso Noos – que não prestou declarações em tribunal apesar de ter cargos em empresas de seu marido, Iñaki Urdangarin. A defesa da cantora destacou ainda a grande quantidade de dinheiro por ela faturada, 18 milhões de euros entre 1999 e 2009. Mas nada serviu para que o juiz não considerasse injustificados os grandes movimentos em numerário das contas de Pantoja durante seu relacionamento com Muñoz.

Uma personagem mediática até ao fim

Diário de Notícias, 21 Abril 2013

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